Todas as orações na bíblia são sinceras. Mas têm algumas que, além de sinceras, são muito bonitas. Neste artigo falaremos da que achamos ser a mais pura e bonita das orações registradas no livro sagrado; e ela foi feita por uma mulher.
Antigamente, ter um filho era o desejo incondicional de toda mulher. Isso porque, naqueles tempos, era muito comum as mulheres ficarem viúvas bem cedo. Os homens eram frequentemente convocados para o exército e levados para os campos de batalha, e muitos morriam lá. Por isso, um filho era a esperança de salvação das mulheres, além de ser também a lembrança de um grande amor vivido.
Infelizmente, esse desejo não se realizava para algumas delas porque eram estéreis. Ser acometida desse mal era o que uma mulher nos tempos bíblicos mais temia e jamais desejaria. Tal condição equivalia à morte para muitas delas. Raquel chegou a dizer isso:
“Dê-me filhos, senão eu morrerei”. (Gênesis 30:1b) – TNM 2015.
Mas a mulher da nossa consideração nasceria séculos depois de Raquel. Seu nome era Ana, mulher de Elcana, da tribo de Efraim. A propósito, Efraim era neto de Raquel por José, seu primogênito, filho que ele teve com uma egípcia (Gênesis 41:50-52). Ana, provavelmente, também era da tribo de Efraim. Mas ela, igual a Raquel, também era estéril, e talvez a razão disso seja a mesma que a de Raquel – ser amada pelo marido mais que a outra (Gênesis 29:30, 31; 1 Samuel 1:5). Sim, ela dividia o lar com uma rival. Seu nome era Penina, a outra mulher de Elcana. Esta, por sua vez, pirraçava Ana sempre nas ocasiões especiais da adoração anual que a família fazia a Silo, lugar de morada do Tabernáculo e da Arca do Pacto. Penina fazia provocações tão severas e maldosas contra Ana que ela chorava e não comia (1 Samuel 1:6, 7). Nessas circunstâncias, Ana aproveitou a situação para fazer um voto secreto a Deus. A bíblia não relata o conteúdo completo dessa oração; apenas um pequeno trecho:
“E ela fez o seguinte voto: “Ó Jeová dos exércitos, se olhares para a aflição da tua serva e te lembrares de mim, e não te esqueceres da tua serva e deres à tua serva um filho, um menino, eu o entregarei a Jeová por todos os dias da sua vida, e não se passará navalha na sua cabeça.”” (1 Samuel 1:11) – TNM 2015.
Isso ajudou muito a Ana, fazendo ela recobrar seu estado de espírito. Deus ouviu a oração dela e realizou o seu desejo (1 Samuel 1:19). Depois disso, ela cumpriu o prometido:
“Assim que o tinha desmamado, levou-o a Silo, junto com um novilho de três anos, uma efa de farinha e um grande jarro de vinho, e chegou com o menino à casa de Jeová, em Silo. 25 Abateram então o novilho e levaram o menino a Eli. 26 Assim, ela disse: “Com licença, meu senhor. Tão certo como o senhor vive, eu sou a mulher que esteve aqui com o senhor, orando a Jeová. 27 Foi este menino que eu pedi em oração, e Jeová atendeu ao meu pedido. 28 Por isso, eu o entrego a Jeová. Ele pertencerá a Jeová por toda a sua vida.”
E ele se curvou ali perante Jeová.” (1 Samuel 1:24-28) – TNM 2015.
Aqui nós vemos que Ana, além de temente a Deus, era uma mulher educada. Talvez essa seja a única passagem na bíblia que relata alguém “pedindo licença”. Isso deu um toque ainda mais especial à história de Ana. Mas foi sua oração de agradecimento que tornou a sua história ainda mais bela e comovente, conforme segue:
“Então Ana disse em oração:
“Meu coração se alegra em Jeová;
Em Jeová minha força aumenta.
Minha boca se abre contra os meus inimigos,
Pois me alegro nos teus atos de salvação.
2 Ninguém é santo como Jeová;
Não há outro além de ti,
E não há rocha igual ao nosso Deus.
3 Não continuem a falar de modo orgulhoso;
Não saiam da sua boca palavras arrogantes,
Porque Jeová é um Deus de conhecimento,
E ele avalia corretamente as ações.
4 Os arcos dos fortes são quebrados,
Mas os que tropeçam são fortalecidos.
5 Os que estavam saciados têm de trabalhar pelo pão,
Mas os que estavam famintos não passam mais fome.
A estéril deu à luz sete filhos,
Mas aquela que tinha muitos filhos ficou desolada.
6 Jeová tira a vida e preserva a vida;
Ele faz descer à Sepultura e dela faz subir.
7 Jeová faz empobrecer e faz enriquecer;
Ele rebaixa, e ele exalta.
8 Ele levanta do pó o de condição humilde;
Do monte de cinzas ergue o pobre,
Para fazê-los se sentar com os príncipes,
Dando-lhes um lugar de honra.
A Jeová pertencem os alicerces da terra,
E sobre eles ele põe o solo produtivo.
9 Ele protege os passos dos que lhe são leais,
Mas os maus serão silenciados na escuridão,
Pois o homem não vence pela sua própria força.
10 Jeová destruirá os que lutam contra ele;
Trovejará contra eles desde os céus.
Jeová julgará até os confins da terra,
Dará poder ao seu rei
E aumentará a força do seu ungido.”” (1 Samuel 2:1-10) - TNM 2015.
Essas são falas de alguém leal e temente a Deus. É raro se ouvir isso hoje em dia. Uma fala racional nesta oração de Ana vale para todos nós:
“Pois o homem não vence pela sua própria força” – (1 Samuel 2:9c) – TNM 2015.
Outras mulheres na bíblia também fizeram orações bonitas, e pelo visto Jeová fez questão de incluí-las no registro. Maria, a mãe de Jesus, foi uma delas. Sua bela oração, na ocasião da sua gravidez de Jesus em visita à Elizabete está em Lucas 1:46-55. Débora, a profetiza, também fez uma longa e bonita oração quando os hebreus derrotaram seus inimigos nos dias de Baraque, juiz de Israel (Juízes 5). E Miriã, a profetiza, irmã de Moisés, também entoou um cântico em forma de oração logo após a derrota dos egípcios no mar vermelho (Êxodo 15:20, 21).
Esses relatos mostram que Deus não é machista. Ele ama as mulheres e elas têm um lugar no arranjo teocrático dele. Seja homem ou mulher, Jeová sabe honrar os que o honram.