A participação da igreja na política brasileira nunca causou tantos problemas e divisões familiares, religiosas e sociais como agora neste pleito de 2018. O que se ver nas redes sociais chega a ser surreal, inacreditável, onde tudo se transforma em combinações para se formar nomes e números que promovem candidatos políticos. Os presidenciáveis, no entanto, não conseguem esconder a expressão de felicidade ao verem a massa de manobra trabalharem de graça por uma causa que, mais uma vez, está fadada ao fracasso.
Em uma igreja em Natal no Rio Grande do Norte, uma fiel muito chateada com a postura do pastor, levantou-se e foi embora do culto quando o ministro usou de forma subliminar o versículo de um evangelho para promover, durante a sessão litúrgica, campanha pró-Bolsonaro. “Abram sua bíblia no capítulo tal... O versículo é o 17... Gente, o versículo é o 17 tá bom !?... é o 17 o versículo, pessoal...”
Muito inconformada com a propaganda latente, a jovem saiu no meio reunião e foi embora revoltada. Segundo ela, o pastor falava o capítulo e demorava para citar o versículo, repetindo várias vezes o 17 em intervalos prolongados.
As igrejas evangélicas se transformaram em verdadeiros cabos eleitorais de político, causando divisões, confusão e descrédito do público conservador dos princípios cristãos que não ver com bons olhos a participação da igreja na política.
Já a igreja católica, apesar de não demonstrar apoio declarado a nenhum dos candidatos à presidência, também é alvo de ataques de radicais por ela estar incentivando seus adeptos a votarem contra o fascismo, a intolerância, a violência e o ódio, o que exclui do cenário o candidato Bolsonaro por sua fala representar todas as características negativas supracitadas.
O clima de ódio no país tomou proporções tão agravantes que até famílias inteiras estão sendo divididas por seus membros terem opiniões opostas sobre o contexto político conturbado que se abateu no Brasil. Uma grande família do Nordeste do país, composta por católicos e evangélicos, entrou em crise pelas divergências de opiniões e ataques verbais violentos dispensados uns contra os outros.
Em outra situação, também envolvendo a fé evangélica, uma foto muito compartilhada nas redes sociais mostra fiéis posando para foto e fazendo sinal de arma em punho no púlpito, em alusão à campanha de apoio a Jair Bolsonaro.
O país está vivendo momentos de insanidade e intolerância tais que tem tudo para desaguar em uma onda de crimes e agressões sem precedentes, caso um governo intolerante e discriminatório tome o poder a partir de 2019, e a igreja, sobretudo o seguimento evangélico, tem grande parcela de culpa.
Agência Indicatu – SP/BR – 13/2018
Texto: Da redação