Projeto de lei que proíbe tradução da bíblia é aprovado na câmara e pode significar o fim do estado laico
Traduções da bíblia poderão não se encaixar na nova lei que irá regulamentar a forma como a bíblia é traduzida
O projeto de lei de autoria do deputado federal Sargento Isidório que proíbe alterações, traduções ou edições de textos da bíblia foi aprovado nesta quarta-feira (23) na câmara dos deputados em Brasília após tramitar em regime de urgência e já foi enviado para o senado para votação.
O PL 4606/2019, de autoria do deputado Sargento Isidório (Avante/BA), caso seja aprovado no senado federal, poderá impactar de forma desastrosa em várias traduções da bíblia atuais e pode significar o alinhamento ecumênico de todas as religiões cristãs no Brasil, visto que a lei irá regulamentar o que é certo e errado, o que pode e não pode, na forma como a bíblia é traduzida de versões tradicionais seculares de idiomas como o Hebraico, Grego e Latim, para o português brasileiro. A religião que não se adequar nessa lei poderá ser impedida de exercer suas atividades, quer seja em templos, quer em público.
Segundo Isidório, “não se pode permitir possibilidades para que nunca esse livro sagrado seja tocado em nenhum momento da nossa existência”.
De todos os partidos que compõe o quadro político brasileiro, apenas o PSOL, Novo e Rede orientaram suas bancadas a votarem contra.
Deputados teceram críticas no plenário contra o projeto de natureza estranha. “Existem diferentes versões da Bíblia, adaptadas para cada público. Quem vai definir? O Estado vai dizer que essa Bíblia vale e aquela não vale? Cada pessoa deve dar a interpretação que quer dar à Bíblia porque o Estado é laico”, disse Tiago Mitraud (Novo-MG) .
“Se não pode haver alteração, então qualquer material didático com ilustrações para crianças não poderá ser editado. Não poderemos colocar uma religião ao abrigo de outras religiões”, argumentou Fernanda Melchionna (PSOL-RS).