A serpente mostrava ser o que ela ainda mostra ser
Nas entrelinhas do paraíso e os detalhes inéditos de uma conversa perigosa
A situação não estava nada boa para uma tartaruga que se via aflita nas poderosas mandíbulas de um Jacaré que tentava, sem sucesso, quebrar sua carapaça para fazê-la em pedaços. O contato dos dentes do Jacaré com as placas da carapaça da Tartaruga tornava o processo de mastigação escorregadio e estressante, e depois de várias tentativas frustradas, o Jacaré desistiu da refeição. Perto dali o evento que se passava não era menos pior para um Ouriço-Cacheiro que levava patadas de uma onça pintada que queria porque queria romper os seus espinhos para devorá-lo vivo. Cansada e com as patas e focinho cheios de espinhos expelidos pelo Ouriço, a onça também desistiu do prato e foi para um banco de areia para um bate-papo com o Jacaré. Ali os predadores fracassados começaram a criticar as presas. O Jacaré ria e esculachava a Tartaruga dizendo que ela era antissocial, fechada e de “casco duro”, e que por isso nunca iria fazer amigos. A Onça pintada seguiu na mesma linha do Jacaré, criticando o Ouriço-Cacheiro dizendo que ele era um sujeito espinhento e que por isso ninguém se aproximava dele, e que também era um antissocial porque “o seu jeito de ser” mantinha os outros afastados dele. Outros animais da floresta se juntaram à onça e ao Jacaré naquele escárnio. Estes o fizeram, não por causa das críticas da Onça e do Jacaré contra a Tartaruga e o Ouriço, mas porque tinham medo daqueles, que vez por outra faziam deles o prato predileto. O Ouriço, muito indignado, condenava a atitude do Leão que via toda aquela injustiça sem fazer nada. A Tartaruga, com toda sua paciência, tentou acalma-lo dizendo que “pior estava ela”, com o casco todo mordido, mas grata por estar viva. Mas o Ouriço não quis nem saber e continuou afrontando o Leão, que, com toda sua calma, parecia nem ligar para as lamúrias daquele infeliz. Assim, muito indignado com tudo, o Ouriço-Cacheiro virou-se o foi-se embora, todo ouriçado. Já a Tartaruga seguiu seu caminho e foi pôr seus ovos num lugar mais tranquilo.
Na vida, é inevitável que se leve mordidas e patadas de certos predadores, e de quebra receber deles estigmas maldosos habilmente elaborados de maneira tal, capazes de fazer o público crer que, de fato, “a vítima é aquilo que se diz por aí”. O ódio dos predadores tem, pelo menos, duas fortes razões. Uma é que, às vezes, eles não conseguem matar a forme com a nossa carne, por assim dizer. A outra é que, nessa peleja, ou quebram os dentes, ou são traspassados. Daí a razão de se estigmatizar o alvo, e para isso apontam e põe em evidência suas defesas como “defeitos”, quando na verdade, aquilo que os ferem é a nossa proteção, criada pelo próprio Deus para esse fim. Na história real que abordaremos aqui, veremos como duas pessoas não souberam aproveitar as defesas que tinham para se defender de um predador indescritivelmente mau e cruel. Com apenas um ato eles condenaram toda a sua descendência à condição de caça e subjugaram a vida à incompreensível semântica de que “ela é só isso”. Para começar, eis o trecho da narrativa de um caso de quase seis mil anos atras. Diz:
“Ora, a serpente mostrava ser o mais cauteloso de todos os animais selváticos do campo, que Jeová Deus havia feito.” (Gênesis 3: 1a) – TNM 1986.
Você já sabe que estamos falando de Adão e Eva. Nesse pequeno trecho, verdades interessantes serão desvendadas a partir de agora, e para vê-las, entraremos naquele contexto histórico. Ainda não abordamos o texto completo, mas sabemos que naquele cenário encontra-se dois personagens principais. Um deles já foi citado, a serpente, e o outro é a mulher, Eva.
É dito que “a serpente mostrava ser o mais cauteloso de todos os animais selváticos do campo que Jeová havia feito”. Aqui há algumas informações muito importantes. Pela ordem, temos que: a serpente é classificada como um animal selvagem; que ela se destacava de todos os outros animais selváticos quanto à cautela, e que ela “se mostrava ser assim”. Essa fala “mostrava ser” quer dizer que havia um público observador, e nesse caso, só havia duas pessoas – Adão e Eva. Para que a serpente “mostrasse ser o mais cauteloso de todos os animais selváticos do campo que Jeová havia feito”, era preciso que esse “público”, Adão e Eva, conhecesse muito bem os hábitos de todos os demais animais selvagens, afim de que a serpente fosse singular à vista deles nesse sentido. E não só isso. Era preciso conhecer também todos os animais domésticos para se fazer a distinção entre o que era selvagem e o que era doméstico. Para Adão, isso não era problema, visto que foi ele quem deu nomes a todos os animais, uma tarefa que Jeová deu para ele (Gênesis 2: 19). Entendo que o tempo que ele levou para concluir esse trabalho foi de 49 anos e que, após isso, ele recebeu de Deus um presente – sua esposa e ajudadora Eva (Gênesis 2: 18). A partir daqui as coisas começam a ficar claras. As informações dadas em Gênesis 3: 1a significam que, naquele momento, Eva já conhecia todos os animais, os selvagens e os domésticos, bem como as aves. Ora, se Adão levou 49 anos para dar nomes a todos os animais, quanto tempo já havia se passado na vida de Eva para que ela conhecesse a todos eles? Claro, deve-se levar em conta o fato de que o período em que Adão nomeou e catalogou todas as espécies foi controlado por Jeová. O relato diz que “Deus começou a trazer os animais a Adão” para receberem dele um nome (Gênesis 2: 19b). Entendo também que Jeová controlou a ordem e a frequência das coisas ali para elas se encaixarem no seu padrão de 7 dias que ele já havia estabelecido na criação do universo e da terra, fazendo tudo em seis dias e descansando no sétimo (Êxodo 20: 11). Para concluir seus trabalhos, os animais precisavam de nomes e Adão precisava de uma ajudadora, e por isso Ele usou Adão para terminar os trabalhos que Ele se propôs em fazer, estabelecendo para Adão 7 dias de 7 anos cada, totalizando 49 anos, e no quinquagésimo ano, o ano 50, Eva foi criada e dada a ele como presente, ou recompensa, pelo seu bom trabalho.
Mas, voltando ao assunto de “quanto tempo já havia se passado para que Eva conhecesse todos os animais”, isso é relativo, pois a partir de agora Adão tinham muito que mostrar para ela. Ele tinha muito assunto; e precisava mesmo, visto que ele era o cabeça dela e tinha o dever de instruí-la (1 Coríntios 11: 3). Tudo o que ele apresentava a Eva naquele cenário bonito remetia à sua origem – Jeová Deus, o Criador daquelas coisas. Também não faltava assunto porque ele era, dentre outras coisas, jardineiro. Ao plantar o jardim do Éden, Jeová deu a Adão a tarefa de “cultiva-lo e tomar conta dele” (Gênesis 2: 15). De modo que o período dos primeiros 49 anos da vida de Adão envolveu o ofício da jardinagem. É prazeroso meditar nos momentos daquele casal naquele belo cenário onde, para Eva, tudo era novidade e apresentado a ela com amor. Mas as coisas começaram a mudar para ela. A serpente, que até então era apenas cautelosa, agora “falava”. O relato diz:
“Assim, ela começou a dizer à mulher: “É realmente assim que Deus disse, que não deveis comer de toda árvore do jardim?” 2 A isso a mulher disse à serpente: “Do fruto das árvores do jardim podemos comer. 3 Mas, quanto [a comer] do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Não deveis comer dele, não, nem deveis tocar nele, para que não morrais.’”” (Gênesis 3: 1b – 3) – TNM 1986.
Se forcarmos em Gênesis 3:3b, notamos algo muito interessante. Pelo visto, Eva não estava no Éden quando foi tentada pela serpente porque, ao ser questionada sobre comer ou não do fruto da árvore proibida, ela deu uma localização. Ela citou “a árvore que está no meio do jardim” como sendo a proibida. Isso sugere que, se ela estivesse próxima da árvore proibida ou a tivesse ao alcance da sua vista, ela poderia ter dito algo, como: “do fruto daquela árvore ali não podemos comer”, ou “do fruto desta árvore aqui não podemos comer”. O relato diz também que a serpente era um animal selvático “do campo”, e não “do jardim” (Gênesis 3: 1). Um dicionário traduz ‘campo’ da seguinte forma: “Território ou área plana; planície, prado. Extensão de terra cultivável: campo de trigo, de milho. Terreno fora das cidades: morar no campo; ir para o campo.” Assim, o campo em Gênesis 3:1a pode se referir a alguma parte da área onde o Éden havia sido plantado por Deus, mas fora ou ao redor dele. Também pode ser todo e qualquer lugar fora do Éden. Quanto à definição de um animal selvagem, o mesmo dicionário traduz o termo assim: “Selvagem: Das selvas, próprio delas; silvestre, selvático: animal selvagem. Que prefere viver em regiões afastadas dos grandes centros urbanos. Que não passou pelo processo de domesticação.” Ou seja, os animais selvagens costumam evitar o contato com os humanos. Essa é a natureza deles. Se foi no campo [habitat natural deles] que Eva foi tentada pela serpente, é porque aquela espécie era notória para ela. E não foi por acaso que elas se encontraram ali. Os que fotografam animais silvestres sabem que não é fácil fazê-lo. Para capturarem em suas lentes certas espécies, eles levam horas, ou até dias, e usam de certos artifícios para consegui-lo, como ‘se camuflarem e não usarem perfumes’. Se Eva estava à caça de serpentes, com certeza não foi com más intensões, pois o tentador ainda não havia se manifestado. O fato é que aquele não foi um encontro casual entre aqueles personagens. Os fatos atestam que aquela espécie animal havia chamado a atenção dela e por isso ela pode ter estado à procura de mais daqueles animais, e o Diabo já havia notado isso. Uma vez sozinha [Eva estava a sós no campo quando foi tentada pela serpente], ela ouviu “da serpente original” o que não devia. Essas considerações são importantes para entendermos os próximos eventos daquela história após o pecado consumado. Mas antes disso, teve mais uma coisa:
“Consequentemente, a mulher viu que a árvore era boa para alimento e que era algo para os olhos anelarem, sim, a árvore era desejável para se contemplar. De modo que começou a tomar do seu fruto e a comê-lo. Depois deu também dele a seu esposo, quando estava com ela, e ele começou a comê-lo.” (Gênesis 3: 6) – TNM 1986.
Depois da conversa que Eva teve com o Diabo [a serpente], aquilo que até então “disseram para ela que era mau e causaria sua morte, caso ela comesse ou tocasse”, passou a ser algo “bom para comer e agradável de se comtemplar”. Tanto é que ela foi verificar se isso era mesmo assim, e chegando lá ela “viu que não era nada daquilo que Deus tinha falado para o marido dela”, pois, como poderia algo “bom para alimento e agradável de se comtemplar” causar a morte dela? Aqui fica claro que aquele pecado era sério, sim, era grave. Duvidar de alguém e desconfiar dessa pessoa traz consigo pensamentos e sentimentos muito negativos. Ora, Jeová havia dito para aquele casal que “comer ou tocar naquele fruto causaria a sua morte” (Gênesis 2: 16, 17). Mas agora, depois de a serpente dizer a Eva que “aquilo era mentira”, não é difícil imagina-la desfigurada pela decepção “de sentir que tinha sido enganada”. O sentimento dela foi parecido com o de alguém que descobre a traição do cônjuge, e “o traidor, no caso dela, era Deus”. Por isso ela tinha que ir lá conferir para ver se o que foi dito a ela era mesmo verdade, e foi aí que ela errou, e feio. Ela agora vagava em duas fontes de informações para o mesmo fato, sendo que a nova divergia da antiga. O que uma pessoa sensata faria? Conferir a fonte da nova informação. Eva não fez isso. A dúvida foi criando raízes, e esse processo levou tempo, dias, talvez, e secretamente em seu coração ela “colhia as provas” que a convenceram de que “havia sido enganada por Deus”. Até que um dia ela não suportou mais e decidiu comer do fruto. Mas a culpa não veio de imediato. Ela só veio depois que ela deu do fruto ao marido e este o comeu, e depois disso “os olhos de ambos se abriram e viram que estavam nus”, e tentaram se desculpar, culpando uns aos outros. E Adão ainda fez pior. Como o Ouriço-Cacheiro que confrontou o Leão pela injustiça sofrida ele insinuou que a culpa era de Deus, que deu a mulher para ele:
“12 E o homem prosseguiu, dizendo: “A mulher que me deste para estar comigo, ela me deu [do fruto] da árvore e por isso comi.” 13 Com isso, Jeová Deus disse à mulher: “Que é que fizeste?” A que a mulher respondeu: “A serpente — ela me enganou e por isso comi.”” (Gênesis 3: 12, 13) – TNM 1986.
Uma curiosidade na fala de Eva merece destaque. Ao ser questionada por Deus sobre o que havia feito, ela disse: “A serpente – ela me enganou”. Eva foi a primeira pessoa em todo o universo a citar o verbo “enganar”. Como ela sabia o que era ser enganada? De onde ela tirou essa palavra e a atribuiu com um significado àquela situação, sendo que até então não havia maldade no mundo que era só deles dois? Pelo que já consideramos, o engano não era novo no coração dela. Ela já achava que tinha sido enganada por Deus quando foi proibida de comer do fruto, e o sentido semântico do verbo ficou ainda mais forte quando “se abriram os olhos deles para a verdade” (Gênesis 3: 7). Ali ela viu por si própria o real sentido de ser enganada e quem realmente o tinha feito. Se antes disso ela considerou a possibilidade de estar sendo enganada pela serpente, não sabemos. Mas com Adão foi diferente porque ele não foi enganado, e a partir daqui a história fica ainda mais interessante.
Jeová escolhe por meio de quem falar
Citando Adão e Eva, Paulo destacou o engano que enlaçou Eva para não permitir que a mulher servisse na função de ensino nas congregações. Ele disse:
“Não permito que a mulher ensine nem que exerça autoridade sobre o homem, mas ela deve ficar em silêncio. 13 Pois Adão foi formado primeiro, depois Eva. 14 Também, Adão não foi enganado, mas a mulher foi totalmente enganada e se tornou transgressora.” (1 Timóteo 2: 12-14) - TNM 2015.
Voltado ao caso ocorrido no Éden, de fato, o Diabo não foi em Adão. Por quê? Por alguns motivos. O principal é que Jeová falava com Adão pessoalmente, e não por meio de um animal. Adão com certeza teria notado o truque porque o próprio Diabo deixou isso claro ao falar com Eva. Ele não afirmou ser Deus, e sim insinuou conhecer “supostas verdades que Deus estava escondendo deles”. Por isso, caso ele tentasse contatar Adão com aquele engano, este teria indagado do próprio Deus a origem daquela informação falsa vinda de outra fonte. Outro motivo de o Diabo não ter ido em Adão é que ele já era um homem maduro e sábio, e por isso não seria fácil enganá-lo. Na verdade, era impossível o Diabo enganar Adão porque as informações que ele recebia vinham do próprio Deus, todos os dias e, uma vez recebidas, ele tinha o dever de instruir a esposa. Mas então, por que Adão caiu, isto é, pecou por comer do fruto? Talvez por se sentir pressionado ou por medo de desapontar a pessoa que ele mais amava. Ele não amava a Deus tanto quanto amava Eva. Imagine o susto que ele deve ter levado ao ver Eva com aquele fruto na mão oferecendo para ele com a maior naturalidade como se não fosse nada demais. O susto foi mais por causa da coragem dela em fazer aquilo. Será que ele sentiu que seria achado menos corajoso se não aceitasse aquele fruto? Será que ele pensou: “se ela, que é menos sábia que eu, teve essa coragem, por que não eu?” É como um homem dizer não a uma mulher que se oferece a fazer sexo com ele. A vergonha da recusa é indescritível. Homens são homens. Ilustrando o erro dos dois, Eva, ao ser informada de que estava sendo enganada se sentiu como se tivesse levado, não só uma, mas várias patadas na face, como as que o Ouriço levou da Onça. E Adão sentiu-se todo mordido pelos sentimentos de vergonha, insulto e desprezo ao se ver confrontado com a oferta de Eva e a tudo o que aquilo podia traduzir de modo explícito ou implícito. No caso deles, cumpriu-se fielmente a verdade que diz:
“Não se deixem enganar. Más companhias estragam bons hábitos.” (1 Coríntios 15: 33) – TNM 2015.
Pensando em seus próprios sentimentos, Adão desconsiderou a fonte que falava com ele todos os dias. E Eva não honrou a fonte designada por Deus para orientá-la, decidindo por si própria o que era bom e o que era mau, conforme reza a sentença dada a ela:
“À mulher ele disse: “Aumentarei muito as dores da sua gravidez; em dores você dará à luz filhos, e terá desejo de estar com seu marido, e ele a dominará.”” (Gênesis 3: 16) – TNM 2015.
As intenções de Eva ao comer do fruto ficam implícitas nessa sentença dada por Deus. Dizer Ele que “ela teria desejo de estar com o marido” insinua que ela gostava de ficar sozinha, e de fato, ela estava a sós quando o Diabo se aproveitou dela para enganá-la usando um pseudônimo. E dizer que Adão “a dominaria” sugere que ela queria ser independente dele, e de fato, a oferta de Satanás foi clara ao dizer que ela “seria como Deus” se comesse do fruto (Gênesis 3: 4).
A serpente agindo hoje
O Diabo só teve sucesso naquele engano porque o alvo dele não protegeu o coração. Pelo contrário, Eva regou a semente da dúvida lançada por ele naquele inocente solo fértil e virgem que, uma vez germinada, criou raízes venenosas dentro dela. É assim que ele trabalha, lançando dúvidas. E o propósito não é outro a não ser causar o tropeço da pessoa. O indivíduo tem que ser muito ruim pra se dedicar exclusivamente a isso por tempo integral. Com a sua fala mentirosa ele causou a morte, não só de Eva e Adão, mas de toda a humanidade que nasceu deles. Apropriadamente, Jesus classificou esse assassino pelo que ele realmente é:
“Ele foi um assassino quando começou, e não permaneceu na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele fala a mentira, está fazendo o que lhe é próprio, porque é um mentiroso e o pai da mentira.” (João 8: 44) – TNM 2015.
Hoje ele continua lançando dúvidas na palavra de Jeová e contra aqueles por meio de quem Jeová fala. Veja que a tática é sempre a mesma, a velha, a antiga, de seis mil anos atrás, mas que ainda continua fazendo estragos, e se isso não funcionasse ele não estaria usando. Primeiro ele tenta romper a proteção do indivíduo, mordendo as carapaças, abrindo os espinhos, e quando consegue, é grande o estrago. Mas quando não, a tática muda. É hora de usar as defesas do indivíduo como armas contra ele, e para minar essas fortalezas, nada melhor que um cavalo de Troia, um Trojan não tão sofisticado, mas capaz de incendiar corações, e se você for incauto e não perceber a trama, estará em maus lençóis. Por isso, o melhor conselho nesses casos é um sábio provérbio de Salomão:
“Mais do que qualquer outra coisa a ser guardada, resguarda teu coração, pois dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4: 23) – TNM 1986.
Eva teria protegido seu coração se não tivesse dado ouvidos à voz daquele estranho. Mas não foi isso que ela fez. A história completa nós vimos aqui e no que tudo desaguou. Para nós, o final da história pode ser melhor, se não dermos trela à voz dos desconhecidos.