Sujeição à autoridade, por que é difícil?
Sujeitar-se às autoridades é um desafio
A primeira razão para isso é que a humanidade foi fundada na desobediência (Gênesis 4:1). Ao desafiarem a Deus e comerem do fruto, Adão e Eva se tornaram pecadores e transferiram para os seus descendentes todos os seus traços de personalidade, inclusive a não obediência à autoridade. Mas há ainda uma outra razão, e mais forte, pela qual é difícil para o homem e a mulher sujeitarem-se às autoridades. Tem muito a ver com a constituição humana antes do pecado. Veja:
“Além disso, Deus abençoou-os e Deus disse-lhes: “Tenham filhos e tornem-se muitos; encham e dominem a terra; tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as criaturas voadoras dos céus e sobre todas as criaturas vivas que se movem sobre a terra.”” (Gênesis 1:28) – TNM 2015.
Vemos aqui que Deus autorizou o homem a “dominar a terra e os animais”. Um dicionário verte o verbo “dominar” da seguinte forma: ‘Tornar algo ou alguém submisso por meio da força, da violência: lutador domina adversário com golpe baixo.’ É aí que está o problema. Deus não fez o homem para “dominar” outro homem ou mulher, e sim a terra e os animais. Temos assim duas grandes forças operando no coração do homem que o faz resistir às autoridades, onde uma delas é a imperfeição herdada, e a outra a própria constituição humana. E a bíblia mesmo sustenta o fato de que é uma péssima ideia o homem dominar outro homem:
“Homem tem dominado homem para seu prejuízo” (Eclesiastes 8:9) – TNM 2015.
Entretanto, os cristãos precisam fazer um grande esforço para se sujeitarem às autoridades. Um dos motivos é que eles conhecem a razão do porquê é difícil estarem sujeitos às autoridades. Elas empregam a força para exercerem o domínio sobre as pessoas. Jesus confirmou isso:
“Mas ele disse-lhes: “Os reis das nações dominam sobre elas, e os que têm autoridade sobre elas são chamados ‘benfeitores’.” (Lucas 22:25) – TNM 2015.
Isso parece um pouco contraditório porque um certo dicionário traduz o termo ‘benfeitor’ como um “Indivíduo que pratica o bem; quem realiza ou possui boas ações; aquele que age em favor de algo ou de alguém: o benfeitor da obra de caridade. Quem realiza benfeitorias, melhorias em algo, geralmente numa propriedade ou bem.” Mas Jesus não estava se contradizendo. Pelo contexto do conselho que ele estava dando aos apóstolos sobre “ter destaque”, parece que, além de essas autoridades exercerem o domínio cruel sobre as pessoas, elas ainda as obrigavam a chamá-los de ‘benfeitores’, talvez tornando crime passivo de punição dizer o contrário disso com o objetivo de evitar revoltas populares. É possível que o termo ‘benfeitor’ tenha sido um título honorífico dos ocupantes de certos cargos públicos do império romano para impor medo e respeito nas pessoas. E isso não é à toa porque Roma, potência que dominava o mundo na época de Jesus, era representada na estátua de Daniel como tendo as pernas de ferro (Daniel 2:33). Ela empregava a força por meio de suas autoridades com crueldade e sem nenhum impedimento. Paulo confirmou isso ao aconselhar os cristãos a estarem sujeitos às autoridades:
“Que todos estejam sujeitos às autoridades superiores, pois não há autoridade sem a permissão de Deus; as autoridades existentes foram colocadas por Deus nas suas posições relativas. 2 Portanto, quem se opõe à autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus; os que se opõem a ela trarão condenação sobre si mesmos. 3 Pois os governantes não são temidos pelos que praticam boas ações, mas pelos que praticam o que é mau. Queres ficar livre do medo da autoridade? Faz sempre o bem, e receberás o seu louvor; 4 pois ela é serva de Deus para ti, para o teu bem. Mas, se fazes o que é mau, fica com medo, porque não é sem motivo que a autoridade traz a espada. Ela está ao serviço de Deus, para executar vingança e expressar ira contra quem pratica o que é mau.” (Romanos 13:1-4) – TNM 2015.
Aqui fica implícito o motivo da dificuldade da submissão às autoridades. Foi Deus quem pôs elas para manterem a ordem, visando os malfeitores, os desafiadores da lei, e não as pessoas de bem. O problema é que o homem traz consigo os traços da rebeldia do primeiro casal e, mesmo pessoas de bem podem, no coração, manifestar resistência às autoridades e acabar materializando isso em atos de revolta, agressão e vandalismo, tornando-se elas próprias malfeitores. Além disso, tem também a corrupção e o abuso que essas autoridades cometem contra as pessoas, o que dificulta ainda mais a submissão a elas.
Autoridade na congregação
Na congregação, a autoridade ali constituída deve ser totalmente o oposto de tudo o que já vimos até aqui sobre a autoridade do mundo. Complementando o conselho em Lucas, Jesus prosseguiu dizendo para os apóstolos:
“26 Vocês, porém, não devem ser assim. Mas que o maior entre vocês se torne como o mais jovem, e o que lidera, como aquele que serve. 27 Pois quem é maior: aquele que está à mesa ou aquele que serve? Não é quem está à mesa? Mas eu estou no vosso meio como quem serve.” (Lucas 22:26, 27) - TNM 2015.
Esse conselho surtiu efeito nos apóstolos. Pedro ouviu isso e pôs em prática. Aconselhando os que exerciam autoridade nas congregações, ele disse isto décadas mais tarde:
“pastoreiem o rebanho de Deus, que está aos vossos cuidados, servindo como superintendentes não por obrigação, mas de boa vontade perante Deus; não por amor ao ganho desonesto, mas com entusiasmo; 3 não dominando sobre os que são a herança de Deus, mas tornando-se exemplos para o rebanho.” (1 Pedro 5:2, 3) – TNM 2015.
“Não dominando sobre os que são a herança de Deus!” Esse é o conselho. O oposto disso é rebeldia, e a razão para não o fazê-lo é que Deus não nos trata como animais. Esse tratamento é dado para alguns de fora da congregação que agem como animais que precisam ser contidos e dominados:
“Estes homens, porém, tal como animais irracionais que agem por instinto e nascem para serem apanhados e destruídos, falam mal das coisas que desconhecem. Eles sofrerão a destruição trazida pelo seu próprio proceder destrutivo, 13 sofrendo o mal como retribuição pelo mal que fizeram.” (2 Pedro 2:12, 13) – TNM 2015.
Sujeite-se às autoridades
Dificilmente os que se sujeitam voluntariamente às autoridades sofrerão algum mal delas. A maturidade e os frutos do espírito santo são de grande ajuda para relevar certos abusos praticados por elas como formas de provocação para se obter algum proveito de você, ou até mesmo com más intenções para prejudica-lo. Por isso, o melhor a se fazer é: sujeite-se às autoridades. Na congregação não é diferente. Em geral, os que exercem a liderança nelas fazem isso de modo voluntário e por amor, motivados pelo desejo sincero de querer ajudar o próximo. Os que abusam dessa autoridade para fazer o oposto receberão das mãos de Deus a paga pelo seu próprio proceder rebelde. Mas não se rebele. A autoridade na congregação é um arranjo divino. Rebelar-se contra ela significa rebelar-se contra Deus; e não é uma boa ideia se rebelar contra Deus. O prejudicado sempre será o homem. Ao invés disso, a dica é: espere em Deus e confie nele. No tempo dele, as coisas se resolverão.