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A pornografia é antiga e estava dentro das igrejas

Quem diria que alguém veria

A pornografia é antiga e estava dentro das igrejas
Foto: Konrad von Hochstaden, também Konrad von Are-Hochstaden foi denominado como Konrad I. arcebispo de Colônia, de 1238 a 1261

A pornografia é mais antiga do que se imagina, e o que é pior, estava dentro das igrejas. Desde as leituras de contos eróticos feitas na frente de Martinho Lutero como seu melhor “Passa-Tempo” a esculturas altamente obscenas, a sexualidade era tão difundida no mundo antigo, talvez a um ponto que você, leitor, nem sequer imagina.

Embora sejam poucos e preservados os registros de material arqueológico que comprovam a forte influência que o sexo liberal exercia nas antigas sociedades, os poucos que se podem encontrar fornecem para nós o Norte de como as pessoas da antiguidade estavam absolutamente absortas nas práticas que enalteciam o sexo em suas mais variadas formas. Na antiga Corinto, o sexo rolava a todo vapor e era encarado como “a coisa mais natural da vida”. Desde às salas de banho às avenidas com vitrines de mulheres nuas anunciando seus “serviços”, quem quisesse poderia ter sexo pago ou até mesmo de graça.

Esperava-se que, com a constituição da igreja cristã, as coisas melhorariam neste sentido. As pessoas teriam moral e respeito, preservariam seus corpos da licenciosidade e concupiscência garantido a construção de sociedades fortes, lançadas sobre o alicerce da moral e do respeito, impedindo que práticas degradantes se espalhassem e corrompessem todo o corpo social da época.

Funcionou até certo ponto. Mas, é válido dizer que, se a internet existisse desde a época de Constantino até a reforma da igreja, o mundo saltitaria com o grau de promiscuidade permitido e praticado dentro das suntuosas e imponentes catedrais da Europa medieval.

Após o incêndio que reduziu a catedral de Notre-Dame em cinzas, a atenção do mundo se voltou para as esculturas horripilantes que “habitam” na fachada arquitetônica do prédio. As imagens chegam a ser chocantes, para não dizer ‘terríveis’, até mesmo para a época atual com os brutais filmes de hollywood. Cenas de tortura, escravidão, deboche sádico e sarcástico de alguém que se diverte e sente prazer na desgraça alheia, imagens de demônios torturando seres humanos, enfim, coisas que não dá para aceitar, ou pelo menos “combinar” com a natureza amorosa e pura de Jesus que, com toda certeza, evitaria passar em frente de algo tão assustador e vulgar como o que se pode ver e constatar diante desses fatos inegáveis.

Mas, dentre tantas outras, uma escultura chamou a atenção do público. A “obra de arte” retrata uma prática homossexual altamente pervertida, a qual se pode ver apenas em casas de prostituição, um ato tão repugnante do ponto de vista moral que até algumas meretrizes se negam a fazer por dinheiro. Era para ser impublicável, mas está ali, na praça, ou melhor, na fachada da igreja de Notre-Dame para todo mundo ver, exposta ao tempo. É impublicável, mas as imagens falam por si mesmo.

Mas na época não tinham as poderosas lentes de 600mm da Cannon, quer dizer, não existiam máquinas fotográficas, quanto mais celulares para intimidar “artistas” de mente pervertida. Acontece que, a igreja era o estado. Dentro de um contexto onde o papa era a lei e que quem ousasse a falar contra a igreja era punido com a morte, escultores talentosos tinham de fazer, nada mais nada menos o que a igreja queria. E estava ali sim, pois a igreja havia determinado que fosse assim e a sociedade tinha de aceitar. Postas bem lá no alto e “ofuscadas" por servirem de base para outras esculturas imponentes, alguém deve ter pensado: “ninguém vai ver”. Ninguém veria aquela esfinge ridícula de dois homens em um ato mútuo de sexo oral, retratando, sabe-se lá quem, talvez papas, cardeais, padres ou monges em atos licenciosos fortemente repreensíveis e reprovados por tudo o que há de mais sagrado.  Estar aquilo exposto ali à intempéries, subentende-se que, se está ali, é porque, no mínimo, a igreja sabia ou então aquilo era comum, mas tão comum entre eles, que decidiram “homenagear” aquele momento sombrio esculpindo-o em pedra para perdurar eternamente.

“Ninguém veria”. Esse é um dos clássicos exemplos onde o futuro infeliz do pretérito se faz tão imperfeito que o triste presente se envergonha do passado.

 

Agência Indicatu – SP/BR – 19/2019

Texto: Da redação

Fotos: A foto da matéria principal é uma "homenagem" a Konrad von Hochstaden, arcebispo de Colônia, Alemanha.  As demais são da Catedral de Notre-Dame em Paris destruída pelo fogo em Abril de 2019

 















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