Os números têm um grande significado na bíblia, especialmente em Apocalipse onde a maioria dos relatos são simbólicos, e isso não seria diferente com os 24 anciãos mencionados ali. Por incrível que pareça, a identidade dos 24 anciãos, se eles são anjos ou humanos, tem muito a ver com o número que os designa e, além do mais, pode revelar algo surpreendente sobre a função que os 24 anciãos terão no céu. Para começar, nada melhor do que vermos essa fala na íntegra onde os 24 anciãos são citados em Apocalipse. Veja:
“Ao redor do trono havia 24 tronos, e nesses tronos eu vi 24 anciãos sentados, usando vestes brancas e, na cabeça, coroas de ouro.” (Apocalipse 4:4) - TNM 2015.
Julgar pelas aparências nunca foi uma boa ideia, mas aqui podemos fazer isso sem correr o risco de pecar pelas exceções. Por quê? Porque quem usa uma coroa é rei e assim já podemos descartar a hipótese de que os 24 anciãos são “anjos”. É digno de nota que “anjo”, na bíblia, significa “mensageiro”. A citação deles nas escrituras sempre se refere a criaturas dos domínios espirituais, isto é, que “nasceram lá”, foram feitos assim sem passar por uma mudança de estado de ser. Nenhum anjo recebeu de Deus a promessa de ser rei. Isso é um privilégio que será dado com base numa promessa feita por Jesus a alguns de seus discípulos. Outra descrição que descarta a hipótese de que os 24 anciãos são “anjos” é o próprio nome que os designa. O Termo “ancião”, na bíblia, sempre se refere a humanos, pessoas experientes e de idade, com suas funções cognitivas ativas em bom estado, capazes de tomar decisões importantes que impactam na vida de pessoas que estão sob a autoridade deles de alguma forma. Esses simples detalhes podem comprovar que os 24 anciãos são, na verdade, pessoas transformadas por Deus em espíritos que já estão e estarão nos céus para cumprirem um papel designado por Ele.
Quem são os 24 anciãos?
No texto anterior de Apocalipse vimos que os 24 anciãos ocupam 24 tronos. Mas uma fala de Jesus, que para alguns pode parecer contraditória, lança uma forte luz sobre a identidade dos 24 anciãos. Veja:
“Jesus lhes disse: “Eu lhes garanto: Na recriação, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono glorioso, vocês que me seguiram se sentarão em 12 tronos e julgarão as 12 tribos de Israel.” (Mateus 19:28) - TNM 2015.
Essa foi a promessa inicial de Jesus “àqueles que o seguiram”. Os primeiros 12 apóstolos estiveram com ele em suas provações e receberam de Cristo a promessa de ocuparem tronos nos céus:
“28 “No entanto, vocês são os que ficaram comigo nas minhas provações; 29 e eu faço com vocês um pacto para um reino, assim como o meu Pai fez um pacto comigo, 30 a fim de que vocês comam e bebam à minha mesa, no meu Reino, e se sentem em tronos para julgar as 12 tribos de Israel.” (Lucas 22: 28-30) – TNM 2015.
Mas então são 12 ou 24 anciãos, e quem são eles? Primeiro, Jesus fez essa promessa àqueles que o seguiram. Isso dá a entender que apenas os 12 apóstolos, aqueles que seguiram literalmente a Jesus, se sentariam em 12 tronos. Mas Jesus não era seguido apenas pelos 12, e sim também por mulheres como Maria, sua mãe, Joana e Maria Madalena, além de outros discípulos como Matias, que substituiu Judas Iscariotes. Contudo, na última Ceia, a bíblia não diz que mais pessoas, além dos 12, estavam com Jesus naquela ocasião. De modo que é seguro afirmar que os 12 apóstolos de Jesus terão um privilégio especial nos céus. Esses lugares existem de verdade, pois, senão, a mãe de Tiago e João não teria pedido isso a Jesus, e a resposta dele a eles confirma isso:
Aproximou-se dele então a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e, curvando-se diante dele, pediu-lhe algo. 21 Ele lhe perguntou: “O que você quer?” Ela respondeu: “Declare que estes dois filhos meus se sentarão um à sua direita e outro à sua esquerda, no seu Reino.” 22 Jesus disse em resposta: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Será que podem beber o cálice que eu estou para beber?” Disseram-lhe: “Podemos.” 23 Ele lhes disse: “De fato, vocês beberão o meu cálice, mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda não cabe a mim conceder; esses lugares pertencem àqueles para quem o meu Pai os preparou.” (Mateus 20: 21-23) – TNM 2015.
Agora vejamos como fica a disposição dos tronos no céu. Apocalipse 4:4 diz que os 24 tronos estão em volta de apenas um trono no centro, o de Jesus. Isso quer dizer que, aparentemente, os 12 tronos, que compõem os 24 tronos, não têm nenhum destaque, e assim podemos chegar à conclusão de quem são os 24 anciãos.
Até aqui já sabemos que Jesus prometeu a alguns de seus seguidores sentarem em tronos no céu para reinarem junto com ele. Essa promessa não é eterna. Tem um período limitado para o cumprimento desse propósito, de modo que daqui em diante as coisas ficam ainda mais interessantes porque 24 é a quantidade de horas que tem um dia. Um dia para Deus são mil anos para nós (Salmos 90:4; 2 Pedro 3:8). Mil anos é o período em que os ungidos, ou os 24 anciãos, reinarão com Jesus no céu sobre a terra para restaurar as coisas aqui em seu devido lugar:
“4 Vi tronos, e aos sentados neles foi dada autoridade para julgar. Sim, vi as almas dos que foram executados por causa do testemunho que deram de Jesus e por terem falado a respeito de Deus, vi aqueles que não tinham adorado a fera nem a imagem dela e não tinham recebido a marca na testa e na mão. Eles passaram a viver e reinaram com o Cristo por mil anos.” (Apocalipse 20:4) – TNM 2015.
Por isso, o número 24 dos anciãos não é literal, mas simbólico. Ele significa o número total de ungidos, 144.000, que reinarão com Cristo por mil anos (Apocalipse 14:1). Os mil anos é “o dia do juízo”, “o dia do julgamento”, ou “o último dia”. Assim, são na verdade 144.000 tronos, e não 12 ou 24. Doze e 24 compõem o grupo dos 144.000 dos que serão reis no céu.
Mas as coisas seguem uma ordem. Sempre haverá uma hierarquia. Assim como no primeiro século havia uma liderança para as congregações, assim o é agora e assim será quando os “24 tronos” estiverem ocupados e operando no céu, e aqueles lugares especiais ditos por Jesus aos 12 e à mãe de Tiago e João estarão preenchidos por aqueles para quem Deus preparou.