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A bíblia em análise

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O cristão pode se separar do cônjuge descrente?

O que fazer se você quer se separar de uma pessoa de fé diferente da sua

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(Foto: Indicatu)

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A base bíblica para a separação entre um homem e uma mulher, legalmente casados, é o adultério, seja um dos cônjuges pagão ou cristão, crente ou descrente. O cônjuge traído tem a opção de perdoar o infiel, mas, se ele ou ela não o quiser, a separação e o divórcio são válidos do ponto de vista de Deus e a pessoa está livre para se casar novamente. Mas, e se o cristão se casou com um pagão (mundano ou descrente) e se arrependeu disso e quiser se separar? Ele pode?

Orientação bíblica

A interpretação de dois textos bíblicos dá a entender que, em um certo caso, “sim”, o cristão pode se separar do pagão (mundano ou descrente) com quem se casou. Vamos ver a citação bíblica sobre isso. A primeira é uma ordem clara para os cristãos “não se separarem”. Diz:

De modo que não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus pôs sob o mesmo jugo, o homem não deve separar.”” (Mateus 19:6) – TNM 2015.

Já a outra, o conselho é para o cristão não entrar num relacionamento espiritualmente comprometido. Diz:

Não se ponham em jugo desigual com descrentes.” (2 Coríntios 6:14a) – TNM 2015.

As coisas aqui são muito interessantes, e sutis. No primeiro caso, temos “Deus colocando o homem e a mulher em jugo equilibrado, igual, uma relação conjugal válida e aprovada". Já no segundo caso, temos a própria pessoa se autocolocando em jugo desigual. E o que há de novo nisso? Há de novo que a ordem de que “o homem não deve separar” foi dada para “o que Deus colocou sob o mesmo jugo”, e não para a pessoa que se autocolocou em jugo desigual. Em sentido lógico, o segundo caso é o oposto do primeiro, quer dizer – enquanto que “o homem não deve separar o que Deus pôs sob o mesmo jugo”, “o homem pode separar o que o próprio homem pôs sob o mesmo jugo”. E há até um precedente bíblico para isso. Veja:


2 Em vista disso, Secanias, filho de Jeiel, dos filhos de Elão, disse a Esdras: “Nós fomos infiéis ao nosso Deus, casando-nos com mulheres estrangeiras dos povos das terras ao redor. Apesar disso, ainda há esperança para Israel. 3 Agora, façamos um pacto com o nosso Deus para mandar embora todas as esposas e os filhos delas, conforme a orientação de Jeová e dos que temem o mandamento do nosso Deus. Vamos agir de acordo com a Lei. 18 E descobriu-se que alguns dos filhos dos sacerdotes tinham se casado com mulheres estrangeiras; dos filhos de Jesua, filho de Jeozadaque, e dos seus irmãos: Maaseias, Eliézer, Jaribe e Gedalias. 19 Mas eles prometeram que mandariam suas esposas embora e que, por serem culpados, ofereceriam um carneiro do rebanho pela sua culpa. 44 Todos esses tinham tomado esposas estrangeiras, e eles mandaram embora as esposas junto com os filhos.” (Esdras 10: 2-3, 18-19, 44) – TNM 2015.

Nesse caso, “o homem separou o que o homem pôs sob o mesmo jugo” – o jugo desigual formado entre israelitas e pessoas das nações pagãs -, e o homem que fez a separação foi Esdras, um sacerdote arônico, descendente de Eleazar e de Fineias, erudito, copista destro e instrutor da Lei, versado tanto no hebraico como no aramaico. Esse precedente bíblico sugere que a separação entre um cristão e um pagão é válida. Mas têm uns poréns nessa história. Vamos relembrar o texto sobre “não se colocar em jugo desigual, e desta vez, na íntegra. Diz:

Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois que afinidade a justiça tem com o que é contra a lei? Ou o que a luz tem em comum com a escuridão? 15 Além disso, que harmonia há entre Cristo e Belial? Ou o que o crente tem em comum com o descrente? 16 E que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois nós somos templo de um Deus vivente, como Deus disse: “Residirei entre eles e andarei entre eles, e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” 17 “‘Portanto, saiam do meio deles e separem-se’, diz Jeová, ‘e parem de tocar em coisa impura’”; “‘e eu os acolherei’”. 18 “‘E eu me tornarei pai para vocês, e vocês se tornarão filhos e filhas para mim’, diz Jeová, o Todo-Poderoso.”” (2 Coríntios 6:14-18) – TNM 2015.

Essa citação rebate o argumento de que, “visto que a instrução em Esdras foi dada para os israelitas, e não para os cristãos, uma separação entre um cristão e um pagão (mundano ou descrente) não é válida”. Por quê? Porque Paulo cita a lei mosaica para dar aos cristãos os motivos de eles não se casarem com descrentes, e isso pode ser visto na parte B de 2 Coríntios 6:16 em diante. E nesse ponto entra o segundo “porém”.

Uma coisa é um cristão casar-se com um descrente. E outra é a pessoa tornar-se crente depois de já estar casada com um descrente, ou seja, ambos eram descrentes quando se casaram, mas um deles se tornou crente depois de já está casado. Nesse caso, a separação “cristão versus descrente” não é válida. Veja:

10 Aos casados ordeno, não eu, mas o Senhor, que a esposa não se separe do marido. 11 Mas, se ela se separar, que permaneça sem se casar, ou então que se reconcilie com o marido; e o marido não deve deixar a esposa.

12 Mas aos outros digo eu, sim, eu, não o Senhor: Se algum irmão tem esposa descrente, e ela está disposta a ficar com ele, que ele não a deixe; 13 e se uma mulher tem marido descrente, e ele está disposto a ficar com ela, que ela não deixe o marido. 14 Pois o marido descrente está santificado em relação à esposa, e a esposa descrente está santificada em relação ao irmão; do contrário, os seus filhos seriam impuros, mas agora são santos. 15 No entanto, se o descrente decidir deixá-la, que a deixe; o irmão ou a irmã não estão sob obrigação nessas circunstâncias, mas Deus chamou vocês à paz. 16 Pois, esposa, como sabe se não salvará o seu marido? Ou, marido, como sabe se não salvará a sua esposa?” (1 Coríntios 7: 10-16) – TNM 2015.

Note que as ordens para os casais veem de Jesus e de Paulo. No primeiro caso, os “casados”, a quem Paulo se refere nos versículos 10 e 11, são os cristãos casados sob o mesmo jugo, os casados “no senhor”, e por isso ele disse: “Aos casados ordeno, não eu, mas o Senhor”. Já “aos outros” casados, a partir do versículo 12, são os casais ditos anteriormente - as uniões conjugais entre crentes e descrentes, cujas diferenças de crenças se deram depois do casamento entre eles. A ordem aí foi clara: “continuem a morar com ela, ou ele”. Note também que, para esse caso, o cristão casado com um descrente é chamado de “irmão e irmã”. Quando comparamos essa citação em 1 Coríntios 7: 12-16 com 2 Coríntios 6: 14-18, notamos a diferença dos casos de modo óbvio. Em 2 Coríntios 6: 14-16 é dito para os cristãos que eles estão em condição superior às pessoas do mundo, em sentido espiritual. Violar essa lei os colocam em condição pior que a do próprio descrente, visto que o cristão já era conhecedor da verdade (Hebreus 10: 29, 30).  Pela ordem, os cristãos são representados pelos seguintes termos:

  • Justiça,
  • Luz,
  • Cristo,
  • Crentes,
  • Templo de Deus,

enquanto que os descrentes são representados assim:

  • O que é contra a lei,
  • Escuridão,
  • Belial,
  • Descrentes,
  • Ídolos.

Diante disso, pode-se dizer que “melhor está o descrente que se tornou crente e casado com um descrente, do que o crente que decide, por conta própria, violar o princípio bíblico de não se colocar em jugo desigual com um descrente”. Ele pode até se separar do cônjuge descrente. Mas dificilmente alguém nessa situação faria isso. E caso o faça, ele vai arcar com as consequências. No caso dos israelitas que mandaram as esposas embora com os filhos, não há como afirmar se eles se comprometeram com o sustento das crianças. Hoje, a lei é bem clara e rígida nesse sentido. No caso dos homens, eles têm que pagar pensão para as crianças, até uma certa idade, dentre outras coisas.  

 Pode ou não pode se separar?

 Poder, pode. Mas quem faria isso, diante das consequências envolvidas? Além do mais, se o cristão, sendo quem ele é, a saber – justiça, luz, cristo, crente e templo de Deus, decide se pôr em jugo desigual com um descrente, sendo este quem ele é, isto é, violador da lei, está em escuridão espiritual, é um Belial, é um descrente e adorador de ídolos, que razão esse “cristão” terá para romper os laços conjugais com o descrente com quem se casou, sendo que fez isso de modo consciente e voluntário?! Além disso, o que seria mais válido e agradável a Deus: ele fazer esse sacrifício, ou obedecer à ordem de “não se pôr em jugo desigual com incrédulos?” (1 Samuel 15:22). Se Paulo deu o conselho em 2 Coríntios 6:14-18 é porque tinha gente fazendo isso lá, e se o conselho foi dado é porque as consequências disso eram graves, e talvez irreversíveis do ponto de vista espiritual. Por isso, o melhor é não arriscar e seguir o conselho – "casar somente no senhor "(1 Coríntios 7:9).

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