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A bíblia em análise

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Pedro foi executado de cabeça para baixo?

Há contradições na teoria sobre a execução de Pedro ao inverso de Cristo

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(Foto: Praça São Pedro no Vaticano. Montagem por Indicatu)

A lenda, se é que podemos classifica-la assim, de que o apóstolo Pedro foi executado de cabeça para baixo, ao inverso de Cristo, é forte e vem de tempos muito distantes que remontam à fundação da igreja católica nos dias de Constantino I, imperador romano. Segundo a lenda, narra-se que, q...

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A lenda, se é que podemos classifica-la assim, de que o apóstolo Pedro foi executado de cabeça para baixo, ao inverso de Cristo, é forte e vem de tempos muito distantes que remontam à fundação da igreja católica nos dias de Constantino I, imperador romano. Segundo a lenda, narra-se que, quando se viu diante daquele tipo de morte, Pedro teria dito aos seus algozes que “não era digno de ser morto daquela forma”, como Jesus foi, e “pediu” para ser executado “de cabeça para baixo, ao inverso de seu mestre, Jesus Cristo”. Isso foi verdade?

Há um ditado popular que diz que, “quem conta um conto, aumenta um ponto”, e se tratando dos apóstolos, ou melhor, dos principais representantes de Deus naquelas épocas, começando por Jesus, não é de admirar que alguém tenha inventado ou aumentado os fatos para, de alguma forma sensacionalista, atribuir desprezo ou honra indevidas àquelas pessoas que eram, em sua natureza, humildes e desprovidas de ambição ou desejo de ter destaque. Veremos isso em detalhes mais à frente. Mas antes, falando sobre a morte do apóstolo Pedro, as palavras de Jesus dão muito em que pensar, e por elas é possível concluirmos se o que nos contam sobre isso tem algum fundo de verdade, ou se é, em seu todo, verdade. Vejamos:

Digo-lhe com toda a certeza: Quando você era mais jovem, você se vestia e andava por onde queria. Mas, quando envelhecer, estenderá as mãos, e outro homem o vestirá e o levará para onde você não quer.” 19 Disse isso para indicar com que tipo de morte ele glorificaria a Deus. Depois de dizer isso, disse-lhe: “Continue a me seguir.”” (João 21:18, 19) – TNM 2015.

Nessa conversa de Jesus com o apóstolo Pedro, há duas hipóteses para a morte dele. A primeira está na parte B do versículo 18, e de certa forma, ela enfraquece a tese de que Pedro “pediu para ser executado de cabeça para baixo” porque Jesus foi claro em dizer que “alguém o vestiria e o levaria para onde ele não quereria ir”, quer dizer, o conduziria à execução. Ora, como Pedro pediria para ser executado de cabeça para baixo, sendo que Jesus já havia predito que “aquela hora”, a hora da sua morte, seria a última coisa que ele desejaria na vida?!

A outra hipótese, por sua vez, fortalece a tese de que a execução de Pedro pode ter se dado da forma como narra a lenda – de cabeça para baixo. A fala de João na parte A do versículo 19 [Disse isso para indicar com que tipo de morte ele glorificaria a Deus] sugere que Pedro teria uma morte violenta, mas não especifica a forma. Diante disso, vamos aos detalhes.

Pode ser que não

Por que pode ser que Pedro “não tenha pedido” para ser executado de cabeça para baixo? Porque uma execução assim implica em várias coisas. Dentre elas está a própria pessoa de Pedro. Ele era a segunda pessoa depois de Jesus, aquele a quem, por ele, foram dadas “as chaves do reino” (Mateus 16:19). Ser Pedro executado de cabeça para baixo não lhe atribuiria um certo mérito “maior” que o do próprio Cristo? Será que quem inventou isso não o fez com a intenção de dar a Pedro um crédito superior ao de Jesus por insinuar que ele sofreu mais que o mestre? Por quê? Porque uma morte de cabeça para baixo seria indescritivelmente muito mais dolorosa do que a do próprio Jesus. Uma vez de ponta cabeça, o fluxo sanguíneo se concentra de forma elevada no cérebro. Isso impede que a pessoa desmaie por causa da dor e o seu sofrimento é intensificado por horas, ou quem sabe por um dia, ou dias. Levando-se em conta que, depois de ser pregado na estaca, Jesus levou cerca de 6 horas para morrer, Pedro teria levado muito mais tempo para ir a óbito sendo executado de cabeça para baixo. (Marcos 15:25, 33-37). No caso de Jesus e dos criminosos executados junto com ele, os judeus pediram a Pilatos que quebrassem as pernas deles para acelerar o processo, não por misericórdia, mas porque aquele era “um grande sábado” para os judeus e já estava prestes do pôr do sol (João 19:31). Por isso, é impensável que Pedro pediria para ser morto dessa forma para sofrer mais do que Jesus e receber esse tipo de glória. Isso soa, sim, como um deboche, uma afronta do próprio Satanás e demonstra o seu desprezo pela pessoa de Deus e de Jesus. Revela também a natureza fria, cruel e assassina dessa pessoa que, além de matar, escarnece das vítimas e se diverte com o sofrimento a elas empregado, além de inventar outros que não lhe é permitido fazer para satisfazer o seu espírito sádico.

Outro fator que enfraquece essa tese é que, quem a contou, foram as mesmas pessoas que contaram a mentira do instrumento usado na execução de Jesus, a cruz. Jesus não morreu numa cruz. Não era assim que os romanos executavam suas vítimas. Se bem que o costume de pendurar “criminosos” num madeiro era bem antigo (Gênesis 40:19, 22; Ester 7:9, 10). Alguns dizem que, nesse tipo de execução, a vítima tinha suas mãos pregadas acima da cabeça em uma espécie de poste. A ideia era que o sangue das mãos ou punhos perfurados caísse sobre a cabeça do condenado, simbolizando que ele era responsável pelos seus atos e que estava recebendo o julgamento merecido. O seu sangue caia sobre a sua própria cabeça (Atos 18:6; 1 Reis 2:32; Obadias 15; Ezequiel 9:10). Isso não seria possível em uma execução numa cruz. Outro motivo é que a cruz é um símbolo pagão usado na adoração idólatra dos antigos egípcios e dos babilônios. Ela era uma honra, uma homenagem ao deus pagão Tamuz, e simbolizava a primeira letra do nome desse deus (Ezequiel 8:14). A cruz é uma imagem, e é adorada por quem desconhece a sua origem. De modo que é inconcebível que uma imagem fosse usada na execução de condenados na nação de Israel, porque Deus, há muito, proibira o uso de imagens na adoração (Êxodo 20:4, 5). Assim, além de assassinar o filho de Deus, o Diabo ainda profanou o nome dele associando-o à idolatria de um deus pagão. Destarte, se mentiram assim com a pessoa de Cristo, quanto mais o fariam com a de Pedro, que por sinal é também idolatrado de modo profano pela igreja até hoje.

Pode ser que sim

Os soldados romanos eram extremamente cruéis, escarnecedores, cínicos e perversos com as suas vítimas. Vide o que fizeram com Jesus (João 19:1, 2). Por isso, é possível que eles, por conta própria, e não a pedido de Pedro, tiveram a ideia de mata-lo de cabeça para baixo para fazê-lo sofrer todas as coisas que consideramos aqui sobre esse tipo de execução. Também não há dúvidas de que o Diabo foi o fomentador, não só da morte dele, mas de todos os outros apóstolos, e sendo assim, ele não pouparia crueldade para maltratar aqueles que Deus amava a fim de ofendê-lo (Lucas 22:31). Mas, claro, o instrumento usado na execução de Pedro foi o mesmo que eles usaram para matar Jesus, um poste reto, ou madeiro. A mesma lenda que narra a execução de Pedro, de ponta cabeça, afirma também que isso ocorreu onde hoje é o Vaticano, sede da igreja católica no mundo.

A bíblia omite a forma como os apóstolos de Jesus foram mortos, e o motivo disso é para não atribuir a eles um mérito indevido. As histórias sobre como eles foram mortos são narradas por fontes seculares e apócrifas, mas nunca estamos certos da veracidade delas. O fato de Jeová preferir não incluir no registro bíblico os detalhes do fim da vida deles é um indicativo de que isso não é agradável para O Deus de amor, bem como para aqueles que refletem sua personalidade.

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