Para fugir da fome na região Nordeste do Brasil na década de 70, um jovem que chamaremos de Francisco foi buscar a sorte no Sudeste do país. O aquecido comércio do estado de São Paulo, principalmente na capital, foi a salvação de dezenas de milhares de emigrantes brasileiros, sobretudo nordestinos, que se aventuraram em dias de viagem nos Paus de Arara que iam e vinham a todo tempo levando e trazendo boias frias de uma ponta a outra do país por aquelas poeirentas e esburacadas estradas de chão, homens que, apesar de suas diferenças, tinham ideais e propósitos em comum: tirar a família da miséria imposta pela seca e pobreza impiedosas. Quem é nordestino conhece bem a dor que é “deixar a família pra trás”, no bom sentido da expressão. Tão dolorosa quanto essa, outra dor batia forte no peito daqueles homens cujas vidas foram marcadas por uma das histórias de políticas sociais mais vergonhosa do país, a dor da humilhação de ver os seus entes passarem fome, um contexto que, para muitos, a palavra ‘esperança’ ia aos poucos perdendo seu sentido e dando lugar ao sentimento controverso de que “a morte era o melhor consolo”, e não poucos da época encontraram esse triste destino.
Francisco tinha pai e mãe, além de cinco irmãos, sendo quatro meninas e um menino. Apesar de pobres, a família, como a maioria das famílias nordestinas, era unida, e eles eram muito apegados uns aos outros. O consolo paradoxo não teve sorte com a família de Francisco. No dia seguinte da sua chegada à capital paulista, ele encontrou trabalho. Os recursos, que no começo eram poucos, faziam muito por seus entes amados na terra do sol abrasador. Sem conta no banco para receber o dinheiro, ele chegava para família de Francisco na forma tradicional da época: um conhecido voltando de viagem para rever os parentes se encarregava de fazer esse favor. Sim, ainda havia honestidade e lealdade naqueles tempos. Para aqueles “pombos correios”, ver o sentido das palavras “saudade e esperança” traduzidos no olhar daquelas pessoas não tinha preço, e desse modo aquela comunidade se ajudava. Telefones públicos não era problema na terra da garoa, mas esse privilégio ainda não tinha chegado para muitas cidades do interior do Nordeste, de modo que a comunicação também se dava pela forma tradicional da época: as cartas. Todo mês chegava uma para a família do Franciso, e o destinatário não podia ser outro, senão a sua mãe. Foi por uma delas que, perto de completar um ano na capital, Francisco anunciou o seu retorno, e antes do natal, com as malas cheias de presentes para cada membro da família, ele chegou, e a alegria na casa foi indescritível. Mas seu retorno não era definitivo. Antes, aquele era só o primeiro de muitos que viriam nos anos à frente, e assim foi. Por cartas, sua mãe sempre lhe perguntava quando ele viria, e a data era aguardada com muita expectativa. De ano em ano Francisco visitava a família sempre em uma época festiva, ou na Páscoa, ou no São João ou no Natal. Foi assim por 24 anos. Durante esse período, o São João foi a data em que ele mais viajou para o nordeste para rever os parentes. Depois vinha o Natal, e por último a Páscoa. Mas no ano do seu vigésimo quinto retorno ao Nordeste, Francisco decidiu não informar à família a data da sua ida porque queria fazer uma surpresa para todos. Então começaram-se as especulações entre seus entes queridos sobre a época da sua chegada. Alguns disseram que seria no São João, outros no Natal, e outros na Páscoa. Sua mãe garantiu que seria no São João porque aquela foi a época em que ele mais voltou. Já o pai disse que seria no Natal porque ele também costumava ir muito naquela época, e por isso talvez ele fosse no fim do ano. Mas, diferente de todo mundo, uma das irmãs de Francisco disse que ele chegaria no mês de agosto. Todos riram dela e perguntaram de onde ela havia tirado aquela ideia “maluca”. Ninguém lhe deu crédito. Então chegou a Páscoa, mas o Francisco não foi na Páscoa. No coração sua mãe sorriu e disse: “ele virá no São João”. Mas o São João chegou e ele também não foi. O pai gabou-se e disse: “ele virá no Natal”. Mas, contrariando todas as probabilidades e para a surpresa de todos, Francisco chegou em agosto, trazendo nas malas presentes. Também foram com ele a esposa e o filho que estavam ali pela primeira vez para aquela ocasião especial. A mãe ficou muito feliz e ao mesmo tempo intrigada e questionou porquê ele só revelou o segredo para uma de suas irmãs. Ele disse que não havia contado a ninguém, pois era surpresa. Todos com a pulga atrás da orelha indagaram a jovem “como ela sabia do segredo”. Pasmada por ainda não terem discernido a razão daquela surpresa preparada por Franciso, a garota os mirava pensativa. É que naquele ano seus pais estavam completando 50 anos de casados e Francisco queria dar uma festa em honra aos seus genitores. Também era a ocasião perfeita para ele mostrar à sua esposa o quanto seus pais se amavam e estavam juntos há décadas porque era assim que ele queria que fosse a sua família. Mas a data passou despercebida até pelos pais de Francisco. A menina matou a xarada com base nos dados. A omissão de Francisco sobre a data da sua vinda, sendo que a sequência dos seus retornos se dava sempre em datas memoráveis e, de repente, ele propõe uma surpresa para um ano específico, tinha que ter uma razão. Ela concluiu que a vinda de Francisco seria fora das datas tradicionais porque, a bem dizer, aquele seria um ano atípico, significativo para a família. Os fatos provaram que ela estava certa. Seguindo por essa linha, podemos entrar na consideração do assunto deste artigo: ‘a volta de Jesus como rei do reino de Deus’. Para nossa curiosidade, um detalhe transcrito em um texto no evangelho de Lucas sugere que uma data seria proposta para a vinda do filho de Deus, mas que não seria levada em conta pela maioria. Vejamos o texto na íntegra. Diz:
“Vocês também, mantenham-se prontos, porque o Filho do Homem virá numa hora que vocês não acham provável.”” (Lucas 12:40) – TNM 2015.
Até então, o detalhe nesse texto era difícil de entender e mais complicado ainda de explicar. A referência da história contada nesse artigo é de grande valia e vai nos ajudar bastante. O segredo está na fala de Jesus quando ele diz que sua vinda se dará numa hora em que seus seguidores “não acham provável”. Para que uma coisa seja ‘provável ou improvável’ é preciso que ela tenha sido proposta ou tornada de conhecimento público a fim de que ela entre em um rol de considerações e seja dado um parecer a seu respeito de se aquilo a que a ela se refere procede ou não de um ponto de vista lógico, filosófico ou científico. Nesse caso, não é preciso ir tão longe. Apenas a consideração do ponto de vista lógico é suficiente para concluirmos à que tende o sentido da expressão proferida por Cristo nesse texto. No caso da volta de Francisco, a data improvável do seu retorno, para a maioria dos membros da sua família, era o mês de agosto. Até então aquele mês era só mais um no calendário, sem nenhuma relevância ante os meses das épocas festivas em que ele costumava ir visitar a família, até que ele foi proposto por uma de suas irmãs como um mês em potencial para a chegada dele. Certo dicionário traduz a palavra ‘provável’ da seguinte maneira: “Esperável; que provavelmente acontecerá; com grande possibilidade para que aconteça ou se realize”. Já a palavra ‘improvável’, dito por Jesus de modo implícito em Lucas 12:40, é o oposto disso: “Improvável - que tende a não acontecer; que pode não ocorrer; incerto. Que não se consegue provar; impossível ou inacreditável”. Ou seja, a data ou época da vinda de Jesus seria improvável, incerta e não poderia acontecer em uma hora em que, do ponto de vista dos seus discípulos, não seria a hora certa para a sua vinda. Isso também sugere, de modo implícito, que uma certa data seria levantada como hipótese para a possível vinda de Jesus, mas que, inexplicavelmente, ela seria contestada, criticada ou desconsiderada pelos seguidores dele. Dito de modo claro, uma data seria declarada como possível ou certa para a volta de Cristo, mas ela seria negada, desacreditada ou duvidosa para seus seguidores. A situação atual é diferente da de 1975 porque naquela época os seguidores de Cristo esperavam pela sua vinda, contrariando as palavras do próprio Jesus que garantiu que o seu retorno se dará numa hora improvável para eles, isto é, a vinda de Cristo acontecerá numa hora em que os seus verdadeiros seguidores não estarão esperando. Isso acontece agora com a proposta da volta de Jesus, baseada em cálculos lógicos, que aponta a data de setembro de 2023 para a vinda dele. Para a vasta maioria dos verdadeiros cristãos atualmente, isso está “fácil demais” para ser verdade, e para eles é muito “improvável de isso acontecer agora”.
Mas as palavras de Jesus em Lucas 12:40 revela outra verdade que não pode passar sem consideração. Vejamos.
Mantenham-se prontos
Jesus aconselhou seus seguidores a manterem-se prontos, e a razão disso é o fato de sua vinda se dá numa hora improvável para eles, conforme consideramos. Como os cristãos podem manter-se prontos? Alguns textos podem ajudar a entender isso. Falando sobre como um cristão pode se manter firme, Paulo disse:
“Portanto, mantenham-se firmes, usando o cinturão da verdade, vestindo a couraça da justiça 15 e tendo os pés calçados com a prontidão para declarar as boas novas de paz. 16 Além de tudo isso, usem o grande escudo da fé, com o qual poderão apagar todas as flechas ardentes do Maligno. 17 Aceitem também o capacete da salvação e a espada do espírito, isto é, a palavra de Deus.” (Efésios 6:14-17) – TNM 2015.
“Cinturão da verdade, couraça da justiça, sandália das boas novas, escudo da fé, capacete da salvação e espada do espírito.” Esse é o que podemos dizer que seria o “quite de salvação do cristão”. Nenhum desses itens pode ser negligenciado se ele quiser manter-se pronto para a chegada de Jesus. Onde a pessoa pode adquirir esse quite? Somente na organização de Jeová. Analisando os componentes desse quite, podemos concluir que o processo se dá na seguinte ordem: primeiro a pessoa aprende a verdade. A verdade a faz adquirir o senso de justiça, um sentimento ou força que a motiva a pregar as boas novas que ela aprendeu, e isso está relacionado com o próximo item do quite, que é a fé. A fé nas promessas de Deus a impulsiona a falar dessas verdades e isso também se relaciona com o próximo item, que é o capacete da salvação. Esse capacete protege a mente do cristão. Ele tem uma razão para continuar nessa guerra lutando por um ideal, e para lutar com coragem ele vai precisar do próximo item, que é a espada do espírito. O espírito santo de Deus age na pessoa para que ela contra-ataque o inimigo, Satanás e seus demônios, nessa guerra entre carne e espírito, mais espirito do que carne, visto que os itens do quite de salvação são simbólicos. Assim, é impossível a pessoa “estar pronta” se ela não estiver associada com a organização de Jeová porque é ela quem opera com todas essas ferramentas (itens) e equipa os soldados (cristãos) para guerra espiritual. Além desses itens, têm mais algumas coisas que são necessárias para o cristão a fim de que ele esteja pronto. Veja:
“Visto que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que sorte de pessoas deveis ser em atos santos de conduta e em ações de devoção piedosa, 12 aguardando e tendo bem em mente a presença do dia de Jeová, pelo qual [os] céus, estando incendiados, serão dissolvidos, e [os] elementos, estando intensamente quentes, se derreterão! 14 Por isso, amados, visto que aguardais estas coisas, fazei o máximo para serdes finalmente achados por ele sem mancha nem mácula, e em paz.” (2 Pedro 3: 11,12; 14) – TNM 1986.
“Atos santos de conduta, ações de devoção piedosa, não ter mancha, nem mácula e estar em paz”. Esses são mais alguns requisitos para a salvação dos cristãos. Veja que as exigências nesses textos de 2 Pedro estão no plural. Isso quer dizer que elas se aplicam no sentido coletivo, ou seja, é uma exigência para a congregação, a organização de Jeová. Ela não pode ter nada que a macule do ponto de vista de Deus. Deve estar totalmente separada de Babilônia e do resto do sistema do Diabo. Porém, cada componente desse conjunto, isto é, cada cristão individualmente, precisa apoderar-se dos itens do quite de salvação porque Jesus, quando vier, dará a recompensa em base individual a cada um conforme as suas obras (Apocalipse 22:12). A congregação não é feita de paredes e tijolos. É feita de pessoas, e os conselhos nesse texto são para cada um dos membros que a compõe. Quando alguém macula a si mesmo, estando ela associada com a congregação cristã, é o nome da congregação que é manchado. Daí a necessidade de limpar a congregação. Também foi dito que os cristãos precisam estar “em paz”, não só em paz consigo mesmo, mas com os outros. Os cristãos foram encarregados de transmitir “boas novas de paz” (Isaías 52:7). Quem batalha para tirar a paz de quem transmite a paz quem vem de Deus é Satanás. De modo que o “cristão” que tira a paz dos seus companheiros mostra por suas ações que está desprovido dos itens do quite de salvação, e o destino dessas árvores será terrível (Mateus 7:17-20).
Sendo assim, podemos notar que, mais importante do que saber a data da vinda de Cristo, é estarmos prontos para a chegada dele. Diante disso, nos perguntamos: Então, é irrelevante tentar saber a data da volta de Jesus? Respondendo de modo lógico, não. Por quê? Porque a bíblia é inspirada por Deus, e foi ele quem forneceu as pistas para que se deduzisse a época ou data da sua vinda. De modo que nada é irrelevante. Tudo tem sua importância nos escritos sagrados. O estudo das datas para a volta de Cristo fortalece o senso de urgência dos cristãos e os alerta quanto ao uso e manutenção dos itens do seu quite de salvação. Mesmo assim, não podemos fugir do fato de que, quando Jesus chegar, a salvação será uma recompensa dada àqueles que forem encontrados prontos (Mateus 25:1-12).
2023 será a hora certa?
Os cálculos apontam para setembro de 2023 como o limite do sistema de coisas. Isso foi abordado em detalhes no artigo ‘profecia de Daniel confirma...’. Nesse artigo também foi considerado que, com base em Daniel 12:1, a grande tribulação durará 1 ano de 360 dias. Voltando 1 ano de 360 dias a partir de setembro de 2023, caímos em setembro de 2022. De modo que esperamos que a grande tribulação inicie agora no mês de setembro deste ano. E se não for? Há mais uma possibilidade, mas também dentro do limite. O que marcará o início do dia de Jeová será o estouro da grande tribulação. De modo que, se não for agora em 2022, pelos cálculos ela tem de ocorrer a partir de setembro de 2023 e entrará em 2024. Isso bate com o jubileu de 50 anos, seguindo o padrão estipulado por Deus à nação de Israel, um padrão que ele estabeleceu nos estágios criativos do universo e da terra (Levítico 25:8-10). E se não for em 2023? Se nada acontecer a partir de setembro de 2023, então é melhor esquecer. Não haverá mais nenhum padrão lógico de tempo para além de 2023 e 2024. 2023 completa 49 anos que, segundo o que entendemos, é a idade que Adão tinha quando sua esposa Eva foi criada, iniciando-se o descanso de Deus a partir desse ponto. Assim, se nada acontecer em 2023, tudo que estudamos até agora sobre a data limite do sistema de coisas não passou de coincidência. Mas até que o tempo prove o contrário, seguiremos confiantes na expectativa dessas duas datas, sendo a mais forte setembro de 2023. De qualquer forma, independente de estudos humanos para o fim desse sistema governado pelo Diabo, o dia de Jeová não será adiado. Ele virá, com certeza, no dia e na hora estabelecidos por Ele, e faremos bem em nos empenharmos para estar prontos.