Intolerância religiosa equipara a Rússia ao Afeganistão, Somália e Coreia do Norte
Perseguição implacável aos crentes são inaceitáveis
O governo russo, sob a chefia do presidente Vladmir Putin, decretou o que está sendo chamado de “Campanha de terror” contra as testemunhas de Jeová, grupo religioso banido pelo estado russo desde 21 de Abril de 2017, sob a acusação de serem uma religião extremista.
Não é mais possível que uma testemunha de Jeová russa leve uma vida normal, dentro dos parâmetros do que seria considerado um estilo de vida tolerável no âmbito religioso. As informações que não param de chegar atestam uma campanha sistemática e cuidadosamente projetada para implantar o terror nos religiosos, que se veem obrigados a mudarem de país ou de religião.
Relatos de fiéis na Rússia atestam que os integrantes do grupo, homens, mulheres idosos e adolescentes veem sendo abordados por policiais em casa ou em vias públicas para assinarem um documento, uma espécie de renúncia à fé cristã, calcada nos ensinos defendidos, praticados e difundidos pelas testemunhas de Jeová.
Mas o que mais aterrorizam os cristãos testemunhas de Jeová são as violentas batidas policiais nas residências. O desrespeito é tão grande que não poupa nem mulheres, nem crianças. Situações humilhantes no recanto do lar agora virou rotina. Os confiscos ilegais de smartphones e tabletes nem se fala. E o que é pior: sem nenhuma garantia de ressarcimento.
De acordo com entrevistas feitas pela direção das testemunhas de Jeová publicadas pelo site JW na seção ‘imprensa’, algumas vítimas relataram que foram severamente humilhadas por policias mascarados que invadiram suas residências sem nenhum motivo. O critério das autoridades russas, ironicamente, é a mesma usada pelas testemunhas em sua rotina de evangelização: de casa em casa. É uma invasão após a outra.
Ainda segundo alguns desses crentes, como eles são chamados lá, eles (as testemunhas de Jeová) estão sendo incentivados, ou pressionados pelo governo a “trocarem” de religião, abandonarem a fé deles pela doutrina Ortodoxa russa, religião oficial do país.
O caso está sendo julgado pela CEDH (Comissão Europeia dos Direitos Humanos). Além da direção do grupo na Rússia, a direção geral das testemunhas de Jeová com sede em Warwick, Nova York, entrou com apelo na corte dos direitos humanos para reestabelecer as atividades deles ali.
Este ano, mais de 175 testemunhas de Jeová foram presos por se recusarem a renunciar a fé. Esposas de 17 desses fiéis, todas juntas, escreveram uma carta pedindo socorro à CEDH para que o governo russo liberte seus maridos presos injustamente sob o pretexto de extremismo religioso.
À luz do entendimento do termo usado para banir os cristãos, o governo russo colocou em par de igualdade os pacíficos testemunhas de Jeová com grupos terroristas conhecidos mundialmente por serem os autores declarados de ataques suicidas que até agora já ceifaram as vidas de milhares de pessoas pelo mundo a fora.
A conduta das testemunhas de Jeová, não só ali, mas em qualquer parte, provam que as acusações contra elas não têm base. Os motivos para a perseguição contra os crentes lá são estritamente políticos e religiosos. A culpa, quer dizer, um dos pretextos para essa guerra unilateralmente declarada se deve ao fato de que esses guerreiros inabaláveis negam-se a participar, se envolver, em assuntos políticos, tal qual o seu mestre Jesus.
O crescimento do grupo também incomodou a igreja oficial russa que, segundo informações testemunhadas às claras, encabeçou o processo de perseguição contra as testemunhas de Jeová. A igreja ortodoxa russa tem tido uma forte queda de adeptos por ter deixado de ser “atraente” principalmente para o público jovem, o qual tem demonstrado cada vez mais interesse por outras opções de fé. Entre essas estão as testemunhas de Jeová que, nos últimos 6 anos, caiu no gosto do público de vários países por seu conteúdo diversificado e pela forte presença deles na internet.
A intolerância russa chegou a um nível de restrição tão elevado que equiparou-a a outras três nações mais severas e fechadas a assuntos religiosos do mundo, a saber: Somália, Afeganistão e Coreia do Norte, nações onde não só testemunhas de Jeová como tantas outras denominações e cultos são bloqueados a Fire Wall.
Apesar dos esforços do governo de banir por completo as testemunhas de Jeová daquele território, elas continuam, dentro do que podem, prestando sua reverência a Deus de forma regular, mas discretamente. A atual perseguição ao grupo na Rússia é a maior da história delas desde a época de Adolf Hitler na Alemanha nazista.
Agência Indicatu – SP/BR- Setembro de 2018
Texto: Da redação