Para esquentar o frio, nada melhor do que um caldo saboroso adocicado. Na Bahia, terra nativa de índios e onde viveram os escravos na época colonial, ele era bastante consumido e foi passado de geração em geração. Estamos falando do Mukunzá, uma iguaria típica da Bahia e que ganhou versões adaptadas em várias partes do Brasil. É também chamado de Mungunzá ou Mugunzá.
Na Bahia ele é doce e bastante saboroso, um cozido que tem em sua receita o milho cozido com leite, cravo da índia e coco ralado e tem seu nome derivado dessa combinação, uma vez que a palavra Mukunzá vem do Kimbundo, uma língua africana falada no nordeste de Angola e significa ‘Milho cozido’.
Os africanos sequestrados e vendidos como escravos para trabalharem nas lavouras de café dos senhores feudais do Brasil “fixaram residência” em dois estados poderosos do país, a saber, a Bahia e o Rio de Janeiro. Eles trouxeram consigo seus costumes, sua culinária, suas danças, fé e crenças. A culinária africana é forte na Bahia e foi “reaproveitada” em diversos pratos típicos de outros países, trazidos para cá por imigrantes.
Apesar de, por vezes, usarem-se a iguaria para ser apresentada em ‘oferendas’ a entidades, como ocorre com outros alimentos, ela não tem nada a ver com o candomblé nem com “despachos”.
Na Bahia, o Mukunzá é vendido de forma tradicional em copos descartáveis. Os vendedores de Mukunzá costumam vender também outras iguarias típicas da região, como o Arroz Doce e o Mingau de milho. A canela em pó é um acompanhante indispensável deste prato e é usada para acentuar seu sabor, como no Arroz doce e Mingau. Além de saboroso, seu cheiro é bastante agradável quando está sendo preparado devido ao aroma exalado por ‘Cravos da índia’ adicionados na receita.
O Mukunzá não é o mesmo que Canjica, uma outra iguaria baiana derivada do milho. A Canjica é uma espécie de “mingau endurecido” e de bastante concentrado.
Mukunzá é tudo de bom.
Agência Indicatu – SP/BR – 26/2019
Texto: Da redação