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Os ressuscitados vão se casar e ter filhos?

Os exemplos de ressurreições do passado atestam que os ressuscitados vão se casar e ter filhos no futuro

Os ressuscitados vão se casar e ter filhos?
Foto: etern.de

A solução para essa questão está nos exemplos bíblicos já dados. Na bíblia, há pelo menos seis relatos de ressurreições de pessoas que, após serem ressuscitadas, seguiram com a vida de um ser humano normal. Dois desses exemplos estão nas escrituras hebraicas e narram a ressurreição de duas crianças e, consequentemente, as primeiras ressurreições relatadas na bíblia. A primeira delas foi realizada por Elias, o profeta. O filho de uma mulher viúva, que o havia hospedado, adoeceu e morreu de repente, e Elias ressuscitou o menino (1 Reis 17:17-24). Depois veio o caso do milagre de Eliseu, sucessor de Elias. Uma mulher Sunamita, que também o havia hospedado em sua casa, não tinha filhos. Elilseu profetizou que ela daria à luz um filho depois de saber que ela era estéril (2 Reis 4:8-17). Isso aconteceu cerca de um ano depois de Eliseu ter feito a promessa à Sunamita. Ela engravidou, e um ano depois estava com um filho nos braços. Esse menino também adoeceu e morreu, mas foi ressuscitado por Eliseu (2 Reis 4:32-37).

Já nas Escrituras Gregas Cristãs há os relatos das ressurreições feitas por Jesus. Houve o caso da filha de Jairo (Mateus 9:23-26). Depois, a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-17). A seguir teve o caso da ressurreição de Lázaro (João 11: 11-14, 38-44). Por fim há o relato da ressurreição de Êutico, um jovem que caiu da janela do terceiro andar onde os cristãos se reuniam. Na ocasião, o apóstolo Paulo fazia um discurso. Ao chegarem onde o jovem estava caído, viram que ele estava morto, e Paulo o ressuscitou ali mesmo (Atos 20: 9, 10).

De todos esses exemplos, não há nada que comprove que essas pessoas viveram como eunucos pelo resto da vida depois de terem sido ressuscitadas. Pelo contrário. Elas se casaram e tiveram filhos. Esse precedente bíblico de ressurreições ocorridas no passado e a forma como aquelas pessoas viveram após serem ressuscitadas evidencia que as ressurreições do futuro próximo darão aos ressuscitados a oportunidade de se casarem novamente e terem famílias.

A origem da polêmica

A polêmica sobre se os ressuscitados vão ou não se casarem e terem filhos no futuro paraíso restaurado surgiu depois de uma conversa que Jesus teve com os Saduceus, uma seita extremista da época que não acreditava na ressurreição, nem em anjos e nem em espirito (Atos 23:8) Na íntegra, a conversa foi a seguinte:

23 Naquele dia, os saduceus, que dizem não haver ressurreição, se aproximaram e lhe perguntaram: 24 “Instrutor, Moisés disse: ‘Se um homem morrer sem deixar filhos, o irmão dele deve se casar com a viúva para dar descendência ao seu irmão.’ 25 Acontece que havia conosco sete irmãos. O primeiro se casou e morreu, e, visto que não tinha descendente, deixou a sua esposa para o seu irmão. 26 O mesmo aconteceu com o segundo e com o terceiro, e assim com todos os sete. 27 Por último, morreu a mulher. 28 Assim, na ressurreição, de qual dos sete ela será esposa? Pois todos a tiveram como esposa.”

29 Em resposta, Jesus lhes disse: “Vocês estão enganados, porque não conhecem nem as Escrituras, nem o poder de Deus; 30 pois, na ressurreição, os homens não se casam, nem as mulheres são dadas em casamento, mas são como os anjos no céu.” (Mateus 23: 22-30) – TNM 2015.

Destacaremos a resposta de Jesus aos Saduceus no versículo 30, o foco da polêmica. Percebe-se que todas as vezes em que esse assunto é pauta de considerações, o foco sempre está na parte A do versículo trinta: ”na ressurreição, os homens não se casam, nem as mulheres são dadas em casamento”, sendo que o segredo que explica essa fala de Jesus está na parte B do versículo: “mas são como os anjos no céu”.

Nesse cenário de conversa nós temos, talvez, mais de dois grupos envolvidos, e entre eles está o dos Saduceus. Falando mais sobre essa seita, o apóstolo Paulo a descreve assim:

Pois os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito, mas os fariseus aceitam todas essas coisas.” (Atos 23:8) – TNM 2015.

Quando comparamos a resposta de Jesus com essa descrição de Paulo sobre os Saduceus, entendemos a que tipo de ressurreição Jesus se referiu ao falar com eles. Jesus poderiam simplesmente dizer só a parte A de Mateus 23:30 – “na ressurreição os homens não se casam, nem as mulheres são dadas em casamento”. Essa fala satisfaria as pessoas dos grupos que compunham aquele cenário de conversa, menos o dos Saduceus, pois elas acreditavam na ressurreição. Mas Jesus introduz a fala da parte B do versículo dizendo que os ressuscitados serão “como os anjos no céu”, e que por isso “não se casariam”. O que ele quis dizer com isso? Jesus aproveitou a ocasião para ensinar algumas verdades aos Saduceus, a saber, que haverá uma ressurreição dos mortos e que há anjos, espíritos, nos céus. Ao fazer isso, Jesus conduziu a conversa para uma forma de ressurreição diferente da que a maioria das pessoas sabem que vai ocorrer, a ressurreição para a vida num paraíso aqui na terra, o mesmo tipo de ressurreição que Jesus prometeu ao malfeitor que estava sendo executado com ele na estaca de tortura (Lucas 23:43). Assim, Jesus estava falando da ressurreição celestial com os Saduceus.

Anjos não têm sexo

Uma coisa é “ser anjo”, e outra é “ser como anjo”. Qual a diferença? Anjos ‘foram feitos’ anjos e continuarão assim para sempre. Os anjos não tem sexo nem gênero masculino e feminino, pois, não precisam e não foram feitos para se reproduzirem. A reprodução é um invento de Jeová para a sua criação física (material) cujo propósito é a proliferação de suas criaturas terrestres, sejam homens ou animais (Gênesis 1:28). Anjos não precisam ser ressuscitados porque, quais criaturas leais a Deus, eles não morrerão. Diferente dos anjos do Diabo, que terão o mesmo destino do governante deles (Mateus 25:41). Assim, quando Jesus diz que “os ressuscitados serão como os anjos no céu”, ele está falando de uma mudança de ‘estado de ser’, de criatura material para criatura espiritual, e para tanto, é necessário que, nessa forma de ressurreição, o ressuscitado receba um corpo espiritual, pois carne e sangue não podem “herdar o reino de Deus”, isto é, não podem entrar nos céus espirituais porque só habita naqueles domínios os seres espirituais com corpos espirituais, e corpos feitos de carne e sangue não podem entrar lá (1 Coríntios 15:50). Destarte, a resposta de Jesus aos Saduceus em Mateus 23:30 é uma referência à ressurreição celestial. Desse modo, dizer Jesus que “na ressurreição os homens não se casam e nem as mulheres são dadas em casamento porque serão como os anjos no céu” faz todo o sentido porque, para que haja um “casamento”, é preciso haver a conjunção do masculino com o feminino, homem e mulher, e visto que os anjos não têm sexo, é impossível haver casamento entre eles. Note também que a palavra “casamento” citada nesse texto não têm nada a ver com cerimônia civil ou religiosa do ponto de vista atual, onde se celebram a união entre pessoas do mesmo sexo. Para Deus, “casamento” é, e sempre será, a união conjugal entre um homem e uma mulher (Gênesis 1:27). Esse é o seu arranjo santo, divino, imaculado, original, e é assim que será, de acordo com a vontade Dele.

De quem ela será esposa?

Voltando à situação hipotética levantada pelos Saduceus sobre uma mulher que teve sete maridos e de quem ela seria esposa na ressurreição, a aplicação dessa hipótese cabe na ressurreição terrestre. Nesse caso, de quem ela seria esposa? Pela lógica, ela seria esposa do primeiro marido, o homem que tinha seis irmãos e que “casaram com ela” sucessivamente, correto? Em parte, sim. Mas tem mais algumas coisas.

Na morte, rompe-se os laços conjugais entre homem e mulher. De modo que o viúvo ou a viúva estão livres para se casarem novamente:

A esposa está amarrada ao marido durante todo o tempo em que ele estiver vivo. Mas, se o seu marido adormecer na morte, ela estará livre para se casar com quem quiser, somente no Senhor.” (1 Coríntios 7:39) – TNM 2015.

O texto cita a mulher viúva como exemplo, mas isso se aplica também ao homem. Morrendo o cônjuge, seja homem ou mulher, o viúvo ou a viúva está livre para se casar novamente com quem quiser, somente no senhor, isto é, com alguém cristão da mesma fé. Ora, se, morrendo o cônjuge, o cônjuge vivo está livre para se casar com quem quiser, é coerente concluir que, na ressurreição, o ex-cônjuge, então ressuscitado, também estará livre para se casar com quem ele (a) quiser. Neste ponto, responde-se a questão levantada pelos Saduceus: “de quem ela será esposa”? Ora, ela será esposa de quem ela quiser, visto que a morte pôs fim aos laços matrimoniais e ela não estará mais amarrada ao seu marido, e isso vale para quaisquer dos cônjuges ressuscitados. E será assim mesmo?

Bem, há casais que se amam tanto que fazem uma espécie de pacto entre si onde eles se comprometem a esperar pelo outro na ressurreição, e se ambos morrerem antes da vinda do novo mundo (o paraíso terrestre), ao voltarem na ressurreição, continuarão casados por toda a eternidade. Isso é cabível e aceitável do ponto de vista de Jeová. Mas cabe também o conselho de Jesus sobre o estado de solteiro:

Os discípulos lhe disseram: “Se essa é a situação entre o homem e sua esposa, não é aconselhável se casar.” 11 Ele lhes disse: “Nem todos os homens dão lugar a essas palavras, mas somente os que têm o dom. 12 Pois há eunucos que nasceram assim, há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens e há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Dê lugar a isso aquele que pode dar lugar a isso.”” (Mateus 19:10-12) – TNM 2015.

Não haverá descasamentos

Um “descasamento” seria algo do tipo: o cônjuge morreu e o cônjuge vivo se casou novamente. Suponha que chegue o novo mundo e o novo casal passe com vida para lá. Então, o cônjuge ressuscitado “poderia exigir” que o cônjuge vivo desfaça o casamento para continuar casado com ele (a)”. Isso não vai acontecer. Não há base bíblica legal para a obrigatoriedade de um casamento perpétuo pós morte, a não ser na hipótese citada, onde o casal se compromete a isso. Mas biblicamente, não há base legal que obrigue o cônjuge vivo a desfazer o casamento para continuar casado com o cônjuge anterior (morto e ressuscitado).

Enfim, respondendo à pergunta deste artigo: “os ressuscitados vão se casar e ter filhos”? A resposta é [Sim] para a ressurreição terrestre, e [Não] para a ressurreição celestial. O propósito divino para o casamento é o descrito em Gênesis, e é assim que será:

Além disso, Deus os abençoou e Deus lhes disse: “Tenham filhos e tornem-se muitos; encham e dominem a terra”” (Gênesis 1: 28a) – TNM 2015.















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