Deus abreviará os dias durante a grande tribulação. A grande tribulação será uma situação que nunca ocorreu e nem vai ocorrer de novo (Mateus 24:31). Ela será grande em todos os sentidos. Grande na sua abrangência, e grande na intensidade da sua angústia. Por isso a necessidade de abreviar os dias. Abreviar é tornar breve, encurtar. Jesus falou de abreviar os dias por causa das vidas preciosas que Deus quer salvar.
Deus abreviará os dias
“De fato, se não se abreviassem aqueles dias, nenhuma carne seria salva; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.” (Mateus 24:22) - TNM 1986.
De quais Dias Jesus estava falando? Dos dias da grande tribulação. Veja:
“pois então haverá grande tribulação, tal como nunca ocorreu desde o princípio do mundo até agora, não, nem tampouco ocorrerá de novo.” (Mateus 24:21) - TNM 1986.
No primeiro texto há uma informação importante. Qual? Jesus fala de “escolhidos” e da salvação da “carne”. Deus abreviará os dias na grande tribulação para a salvação da carne, isto é, dos escolhidos. Quem são eles? Não são os cristãos ungidos. Por quê? Porque “carne e sangue não entram nos céus” (1 Coríntios 15:50). Sabemos que a esperança dos ungidos é celestial, onde serão reis e sacerdotes junto com Cristo (Apocalipse 5:9,10). Logo, “a carne”, ou seja, “os escolhidos” que Jesus salvará da grande tribulação são pessoas de esperança terrestre, escolhidas dentre a carne – a humanidade. Mas não é só isso.
Por que Deus abreviará os dias?
Note que Jesus diz que não abreviar os dias da grande tribulação condenaria toda a carne à morte. Vimos que os “escolhidos” marcados para viver são “parte da carne”, parte da humanidade. O que isso quer dizer? Que alguma coisa estaria colocando em risco “toda” a humanidade. Indiretamente, isso nos garante que não será Deus quem causará a grande tribulação. Por quê? Porque Ele não causaria algo que colocasse em risco a sua criação. Ao invés disso, ele será o autor de um ato de que irá desencadear esse evento (Apocalipse 17:16,17).
Veja o caso do Dilúvio. Jeová alterou a estrutura da terra ao remover as águas acima dos céus (Gênesis 7:4). Aquele evento de impacto global afetou toda a humanidade, mas Deus salvou os escolhidos. O propósito ali foi “salvar a humanidade”. A grande tribulação será o inverso disso. O objetivo dela é “matar toda a humanidade”, conforme dito no texto (Mateus 24:22). Mas isso não está de todo certo. Por quê? Ora, se a grande tribulação será uma ameaça para toda a humanidade, soa “injusto” salvar alguns e destruir a maioria, correto? Não. Por quê? Vejamos.
Deus julgará as pessoas pelas suas ações
“20 Mas as outras pessoas que não foram mortas por essas pragas não se arrependeram das obras das suas mãos; não pararam de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de madeira, que não podem ver, nem ouvir, nem andar. 21 Elas não se arrependeram dos seus assassinatos, nem das suas práticas de ocultismo, nem da sua imoralidade sexual, nem dos seus roubos.” (Apocalipse 9:20,21) – TNM 2015.
De modo que, pelo visto, Deus estará julgando o mundo como um todo, mas, por ódio, o Diabo aproveitará a situação para destruir toda a humanidade.
Mas, surge uma questão. Se Jeová ai ressuscitar seus servos leais, por que abreviar os dias da grande tribulação para salvar a carne? Suponha que você plante um jardim com flores silvestres raras. Durante um tempo, você colhe algumas sementes só por garantia. Então, surge uma praga no jardim que começa a matar as flores. Você está preocupado. Mas o vizinho diz: “você não tem as sementes das flores? Por que se preocupar? É só plantar de novo”. Mas há dois problemas nessa sugestão.
Deus zela pelo seu jardim
O primeiro é que, se você não resolver o caso das pragas, as sementes novas estarão em perigo. O segundo é que, como dono do jardim, deixar as pragas ameaçando as flores restantes seria um descaso com as flores ainda vivas. De modo que você age depressa e acaba com as pragas de uma vez. Limpar e proteger o seu jardim, pra você, foi uma questão de amor e zelo. É por isso que Jeová abreviará os dias da grande tribulação. Salvar seus servos dela será uma questão de amor, zelo, honra, poder e autoridade. Também cumprirá sua palavra, que não volta a ele sem resultados (Isaias 55:11). Veja:
“9 Depois disso eu vi uma grande multidão, que nenhum homem era capaz de contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de compridas vestes brancas, e havia folhas de palmeiras nas suas mãos. 13 Em vista disso, um dos anciãos me disse: “Quem são esses que vestem compridas vestes brancas, e de onde vieram?” 14 Assim, eu lhe disse imediatamente: “Meu senhor, é o senhor quem sabe.” Ele me disse: “Esses são os que saem da grande tribulação; eles lavaram suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro.” (Apocalipse 7:9,13,14) - TNM 2015.
Os servos de Deus não morrerão na grande tribulação
Essas considerações nos garantem que nenhum dos servos leais de Deus morrerá na grande tribulação. O próprio Deus garante isso. Quando ele diz que Deus abreviará os dias por causa dos escolhidos, entendemos que ele salvará todos os escolhidos. E quem serão eles? Ezequiel dá uma pista:
“Jeová disse a ele: “Percorra a cidade, percorra Jerusalém, e marque com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as coisas detestáveis que estão sendo feitas na cidade.” (Ezequiel 9:4) – TNM 2015.
Naquela altura da grande tribulação, somente os justos serão capazes de suspirar e gemer por causa das coisas detestáveis feitas ali. Por isso, as pessoas odiarão os proclamadores da mensagem de julgamento que anunciará o repentino fim de todos os pecadores não arrependidos (Apocalipse 16:10,11).
Como Deus abreviará os dias?
Pelo visto, será como nos dias de Ester, a rainha. Ocorreu que Hamã, um alto funcionário da corte real persa, bolou uma trama para exterminar todos os judeus no império por causa do seu ódio contra Mordecai, tio de Ester. Mordecai se recusava a se curvar diante dele (Ester 3:5,6). Ele conseguiu convencer o rei Assuero a deixar que ele emitisse um decreto para matar os judeus em uma certa data.
Hamã emitiu o decreto no dia 13 do primeiro mês, nisã, e o dia marcado para o extermínio foi o dia 13 do décimo segundo mês, o mês de adar dos judeus, ou, 28 de janeiro do nosso calendário (Ester 5:13). Mas as coisas mudaram de rumo assim que a rainha Ester, vítima da conspiração, expôs a trama de Hamã (Ester 7:3-6). De modo que, um novo decreto, emitido por Ester e Mordecai no dia 23 de sivã, o terceiro mês dos judeus, equivalente a 7 de junho do nosso calendário, dava aos judeus o direito de se defenderem do extermínio decretado por Hamã, marcado para acontecer dali a 9 meses (Ester 8:7-9).
O extermínio dos judeus abreviado
Esse decreto, a bem dizer, abreviou os dias do extermínio judeu. Para todos os efeitos, a salvação deles se deu no dia em que Ester e Mordecai escreveu e emitiu o novo decreto a todas as províncias onde os judeus habitavam. Aquele ato abreviou os dias do extermínio judeu por não deixar que aquilo ocorresse. Jeová frustrou os planos de Satanás, impedindo que eles seguissem o seu curso. Mas, de certa forma, o sofrimento dos judeus começou assim que o primeiro decreto chegou nas províncias. O relato diz que houve choro e muito lamento nas comunidades judaicas onde o decreto chegava (Ester 4:3). Era como se uma grande tribulação tivesse começado para eles naquele dia, com a sentença final para dali a 12 meses.
Pelo visto, é possível que os governos atuais façam esse tipo de decreto para exterminar o povo de Deus no futuro. É nesse ponto que entra a abreviação dos dias. Sabemos que há um limite, um dia que Deus marcou para destruir este sistema (Mateus 24:36). Seguindo pela linha de entendimento do que ocorreu com os judeus nos dias de Ester, o decreto estabelecido pelos governos da atualidade para aniquilar o povo de Deus estará além do dia marcado por Ele para julgar o mundo. Dessa forma, Deus abreviará os dias.