Os colégios militares brasileiros são, sem sombra de dúvidas, as melhores escolas públicas do país. Disciplina, respeito e ordem são as regras do dia, valores éticos que farão dos alunos verdadeiros professores da educação e da cortesia, por excelência. As regras são firmes e devem ser cumpridas à risca, ensinando aos alunos a arte da diligência e responsabilidade, qualidades fundamentais para o bom convívio de qualquer bom cidadão na sociedade.
Porém, seja por falta de opções de matrícula em outras escolas públicas ou pela boa qualidade do ensino, adolescentes cristãos iniciam seu ano letivo ingressando nas escolas militares. Lá, são passados todos os critérios, direitos e deveres a serem seguidos, alguns sob pena de punições disciplinares no caso descumprimento das normas internas da escola.
Para cristãos da religião das Testemunhas de Jeová, por exemplo, a situação dentro do regime da unidade fica um pouco mais complicada. Os TJs, como são chamados, não cantam o hino nacional, não participam de datas celebrativas como o 7 de setembro, nem prestam continência à bandeira, atos exigidos pelas escolas militares, mas que são uma forma de reverência considerados impróprios pela doutrina das testemunhas de Jeová.
Paralelo histórico
Uma passagem bíblica muito parecida com a atual situação dos TJs é a de três hebreus na cidade de Babilônia do rei Nabucodonosor. Como conta o relato, os três jovens decidiram se manterem firmes às suas crenças e não prestar homenagem a uma imagem, erguida em uma planície caldeia reverenciando o rei. A escultura tinha cerca de 30 metros de altura e era feira de ouro. O descumprimento da ordem fizeram com que os jovens hebreus fossem lançados em uma fornalha ardente. Por causa da lealdade dos jovens, Deus salvou-os de uma morte dolorosa e trágica, servindo o ocorrido de testemunho para os mais de 3 mil presentes no evento que o Deus dos hebreus, Jeová, era o Deus verdadeiro e o único que deveria ser adorado.
Com base nisso e em outras ordens da bíblia, como a rejeição à idolatria, as testemunhas de Jeová ingressas em escolas militares participam das seções apenas de forma respeitosa, sem prestar reverência a algo que eles não consideram sagrados segundo os padrões bíblicos.
Enfim, resta saber qual é a postura das escolas militares nessa questão. Eis uma pergunta pertinente: Podem ser abertas exceções para as testemunhas de Jeová e cristãos de outras religiões sem que haja a possibilidade de punições bem como a exposição dos alunos em questão à situações vexatórias por eles seguirem doutrinas bíblicas, ditadas pela sua consciência?
Ag. Indicatu – SP/BR – 19/05